setembro 2012

Tudo é incrível

 

O  vídeo dessa semana é realmente especial! Assisti no site do “inconsciente coletivo” (recomendo a visita pelo excelente conteúdo), e não tem como não nos tocar. Já escrevi em alguns textos sobre a importância de termos um sonho, um objetivo. Isso nos faz estarmos realmente “vivos” na acepção da palavra. A história desse homem é emocionante!

É provável que o helicóptero nunca saia do chão na visão dos racionalistas, mas será mesmo que isso precisa acontecer?

Alguns podem chamá-lo de louco, para mim, um exemplo!

Assistam (dura só 10 minutos) e, depois, tirem mais cinco minutos para pensar…

Boa semana!!

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0hpcmVPb4R4[/youtube]

A Criatividade

 

“Criar é matar a morte.”

 Romain Rolland

Estive pensando que a criatividade, por ter sua raiz na palavra “criador” não pode ser algo desse mundo, de dualidade onde impera o ego, o criado. Assim, depois de algumas leituras de relatos sobre como algumas obras foram criadas, cheguei à conclusão de que, para termos uma percepção, insight ou ideia criativa, precisamos nos desconectar desse mundo.

Vou relatar alguns exemplos e depois continuamos nossa reflexão sobre esse assunto, mas procure perceber a semelhança nos relatos. Vou citar apenas cinco, poderiam ser muito mais, mas qualquer pesquisa mais a fundo e até mesmo suas experiências pessoais poderão fazer o caro leitor (a)  abraçar essa teoria.

Começamos por Paul McCartney, músico inglês, que em uma bela manhã do ano de 1964 acordou inspirado por um sonho e compôs a música “Yesterday”. Esse sucesso ficou na história e agora você já sabe que essa música tocou primeiro no sonho que ele teve naquela noite.

Passando para o mundo da ciência, temos o caso de Dmitri Mendeleev (1834-1907), químico Russo que realizava estudos sobre os elementos químicos e suas propriedades. Uma noite do ano de 1869 inspirou a organização da Tabela Periódica, o cientista sonhou com um diagrama em que todos os componentes se encaixavam, e criou assim a Tabela Periódica moderna. Graças a Mendeleev os elementos foram organizados em períodos e famílias para facilitar seus estudos.

No mundo das artes, podemos citar o pintor Salvador Dali (1904-1989), que teve todas as suas obras inspiradas em sonhos. Para Dali nos sonhos estamos livres de toda e qualquer amarra e essa liberdade o inspirava e o resultado são suas fantásticas obras que, para mim, não são mesmo desse mundo.

Já, em época remota Arquimedes (287 A.C a 212 A.C), a história conta sobre como ele inventou um método para determinar o volume de um objeto de forma irregular. De acordo com Vitrúvio, uma coroa votiva para um templo tinha sido feita para o Rei Hierão II, que tinha fornecido ouro puro para ser usado, e Arquimedes foi solicitado a determinar se alguma prata tinha sido usada na confecção da coroa pelo possivelmente desonesto ferreiro. Arquimedes tinha que resolver o problema sem danificar a coroa, de forma que ele não poderia derretê-la. Enquanto tomava um banho, ele percebeu que o nível da água na banheira subia enquanto ele entrava, e percebeu que esse efeito poderia ser usado para determinar o volume da coroa. Para efeitos práticos, a água é incompressível, assim a coroa submersa deslocaria uma quantidade de água igual ao seu próprio volume. Dividindo a massa da coroa pelo volume de água deslocada, a densidade da coroa podia ser obtida. Essa densidade seria menor do que a do ouro se metais mais baratos e menos densos tivessem sido adicionados. Arquimedes teria ficado tão animado com sua descoberta que teria esquecido de se vestir e saído nu gritando pelas ruas “Eureka!” (em grego: “εὕρηκα!,” significando “Encontrei!”). O teste foi realizado com sucesso, provando que prata realmente tinha sido misturada.

Outro caso curioso é de Madame Curie que recebeu dois prêmios Nobel e foi a primeira mulher a lecionar na Sorbonne. Conta-se que uma de suas descobertas deu-se de forma “estranha”. Ela deixou suas anotações sobre a mesa do quarto e foi dormir. Na manhã seguinte elas estavam preenchidas e com os problemas todos resolvidos. Depois de investigar se alguém havia entrado ou, como todo o cientista, avaliado racionalmente como aquilo poderia ter acontecido, observou que a letra que completava as análises e teoremas era a sua. Isso a levou a conclusão de que, dormindo, ela levantou da cama e resolveu os intrincados problemas que estavam pendentes de solução.

Mas qual a coincidência nos relatos acima? Em nenhum desses momentos privilegiados, nossos artistas e cientistas estavam de posse do seu ego. O momento era de relaxamento e entrega, seja nos sonhos ou no relaxante banho que Arquimedes tomava em sua banheira. Evidente que, só mesmo quem não está de posse do seu ego sairia gritando nu e molhado pela rua, assim como nos sonhos estamos entregues ao nosso inconsciente, que segundo Jung está ligado ao “todo”, ou seja, a Criação.

Nesses momentos em que “esquecemo-nos de nós mesmos” é que poderemos nos conectar com essa inteligência que cria e permeia todo o universo. Esse abandono nada mais é do que nos afastarmos do que é desse mundo, ou seja, a ansiedade, a expectativa, os desejos e tudo que se baseia em vivermos em um corpo que perece. Quando acessamos esse infinito, essa eternidade que é nossa essência, estamos  em uno com o Todo. Quando criamos, somos deuses, mas para isso precisamos nos desconectar do que é finito e buscarmos o infinito. Tantos outros gênios fazem os mesmos relatos de que, muitas vezes, não estavam “pensando” no assunto quando veio a solução.

Hoje alguns teóricos da física quântica, baseados nos estudos de Jung, afirmam que existe um “campo” onde toda a informação estaria disponível e em determinados momentos, sob algumas condições, esses saberes seriam acessados. O que explica o fato de muitas descobertas terem sido feitas quase que simultaneamente por mais de uma pessoa. Uma descobriu, a informação ficou liberada em nível humano e outros que estavam nessa mesma busca horas, ou poucos dias depois também fizeram a “descoberta”. Talvez o mais famoso exemplo desse tipo de “coincidência” seja da paternidade do cálculo entre Isaac Newton e Leibniz que, cada um a seu modo, chegaram quase que simultaneamente ao mesmo resultado praticamente juntos.  Imagino que devam estar em algum restaurante chique, lá na eternidade, tomando um vinho e ainda discutindo quem chegou primeiro.

Isso tudo para mim significa que só poderemos acessar nossa divindade, se é que posso usar esse nome, quando nos desligarmos desse “eu” vinculado à matéria onde estamos habitando nessa etapa de nossa eternidade.

Todos temos esse tipo de momento em nossa vida, quando nos desligamos e relaxamos e, de repente,  “descobrimos” ou chegamos a alguma definição importante para nossa vida. Isso sempre acontece em momentos de “abandono” desse eu que está sempre com medo, baseado em sua finitude. Até mesmo a sociologia já entende o ócio como criativo como nos mostra o trabalho de Domenico de Masi.

Quer ser Criador (criativo)? Esqueça-se de si mesmo! Divirta-se, relaxe e se preocupe menos. Não precisa ser como Arquimedes e sair pelado pela rua gritando, mas aprenda com ele e com os demais que seu ego nunca vai levá-lo a nenhum outro lugar em que as companhias não sejam as preocupações e as dúvidas. Criar algo assim, angustiado, é mesmo impossível.

É claro que precisamos trabalhar e buscar nossos objetivos, mas o que erroneamente fazemos é colocar nosso lazer em segundo plano como se fosse algo supérfluo. Sempre digo aos meus clientes viciados em trabalho que o descanso e o divertimento é uma forma de trabalhar melhor, de ser criativo em encontrar novas soluções e métodos. Nunca ninguém descobriu nada importante pensando nisso o tempo todo. Nem aquele nome que está na “ponta da língua” conseguimos lembrar se pensamos nisso demais. Precisamos esquecer do assunto, mudar o foco e o nome vem a mente suavemente. Isso vale para tudo.

Até porque é na diversão que a vida mostra seu lado agradável e quem acha que isso não é importante, que só os compromissos contam é sempre uma pessoa com quem não gostamos muito de estar, chata, em outras palavras…

É na alegria (recomendo a leitura de artigo anterior com esse título) que nos desconectamos, rimos e nos “soltamos” e essa palavra diz tudo o que quero transmitir sobre a principal fonte da criatividade.

Bernard Shaw disse certa vez que as pessoas morrem cedo, apesar de serem enterradas muito tempo depois, quase quarenta ou cinquenta anos se passam entre a morte e o funeral. A criatividade pode matar a morte ou fazê-lo ressuscitar.

E você que está lendo esse artigo, permita-me perguntar: está morto ou vivo?

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Os dados sobre as descobertas foram obtidas no site “Brasil Escola” e “Wikipedia”

“O estranho misterioso”

 

Recebi a indicação desse vídeo e quero compartilhar com os assinantes e leitores do blog. Trata-se de um trecho de 5 minutos do filme “As aventuras de Mark Twain” de 1985. O trecho em questão foi retirado (censurado), já que o público-alvo é infantil, o que é uma pena, já que uma criança, do seu jeito, poderá tirar muito proveito dele. Assistam e, se quiserem, deixem seus comentários.

Aproveito para informar que o Curso de Radiestesia teve sua data transferida para 24 e 25 de novembro em São Bento do Sul.

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O EGO

                 “Todos nós nascemos originais e morremos cópias.”

Carl G. Jung

Em algum momento o caro leitor (a) já se perguntou quem é que fala dentro da sua cabeça? Esse “alguém” é o Ego*, que significa “eu”, se formos procurar nos dicionários, mas, na verdade, ele (o ego) não é você! Afinal, se fosse, não conversaríamos com ele nem ele conosco, não é mesmo?

Dos autores modernos, Eckhart Tolle é quem mais se dedica ao tema em seus livros. Em alguns momentos ele diz que o ser humano é “possuído” por sua mente, no caso seu ego. Ele tem razão se levarmos em consideração o fato de que, na maioria do tempo, estamos inconscientes de nós mesmos, nas eternas viagens alucinatórias entre nosso passado e futuro, nos mares infindáveis da negatividade. Como estamos fora da realidade nesses momentos, ficamos realmente dominados por nossos pensamentos e é natural acharmos que nós somos esses pensamentos.

Esses pensamentos são formados pela nossa educação, cultura, sociedade, religiões, etc. Como tudo isso nos foi dado pelo que chamamos de “educação” desde que nascemos, esses paradigmas formam nosso ego e não temos muitas defesas em relação a isso em nossa infância.  Somos cobrados para  vivermos esses conceitos que recebemos e temos medo de não gostarem de nós se não seguimos a cartilha recebida. Com o tempo, de tanto pensar baseado nesses conceitos, nos viciamos neles e, eles passam a ser a maneira como interpretamos a vida, ou seja, nossos pensamentos. Como toda a história repetida incessantemente se torna uma verdade (nossa mente funciona assim) nos viciamos a pensar desse modo e depois quando quisermos romper com alguns desses pensamentos, vem a culpa e o medo. Sem os problemas causados pelo ego a psicoterapia ficaria quase sem função, já que, como veremos, o sofrimento mental e emocional provém do ego. E desse sofrimento nasce a ansiedade que, em minha opinião é responsável por quase todos os problemas emocionais e a maioria dos somáticos.

Com o passar do tempo, para nos adaptarmos a vida social, vamos desenvolvendo papéis, que encenamos conforme a necessidade e, não tem como não nos identificarmos com eles. Observe, só por curiosidade, como nossos personagens têm estilos, vocabulário e vestimentas diferentes. Sempre que um precisa ser substituído por outro, trocamos de roupa, postura, fala e tudo mais.

Como o ego significa “eu”, esse conceito para existir precisa de seu oposto dentro da dualidade que vivemos, ou seja, para ter um “eu” precisa também da existência do “outro”. E é um dos motivos por termos esse vício de estarmos sempre julgando os outros, pois é na hora em critico alguém que meu ego tem a oportunidade de sentir-se superior. Palavras como egoísmo, que tem a mesma raiz, explicam-se por si só. Agora é mais fácil de entender o gosto que a maioria das pessoas tem por notícias e falar sobre acontecimentos trágicos e escândalos. Vendo isso a todos os momentos, sempre nos acomodamos em nossas misérias pessoais, afinal poderia ser bem pior, e isso explica, em muito, a dificuldade das pessoas de realizarem mudanças importantes. Esse “consolo” pela desgraça alheia ajuda a aceitarmos a nossa como boa e nos acomodamos.

Assim, o ego também adora se queixar e se fazer de vítima. A auto piedade, de certa forma, nos fortalece pela atenção e carinho que recebemos. Repetimos a várias pessoas nossa história trágica, onde estamos sendo vitimados por um algoz – pessoa ou situação – e, com o tempo, nos tornamos essa história e nos acostumamos com suas vantagens, afinal todos demonstram tanta preocupação conosco, nos ligam, postam frases de auto ajuda, rezam por nós, etc. O ego adora isso tanto quanto quando está no lado oposto, o da crítica feroz, fofoca e julgamento, que, muitas vezes, faz surgir o grito e a violência como forma do ego se impor sobre o outro.

Observe quando alguém diz que determinado acontecimento ou pessoa “estragou” seu dia. Nessa hora o ego dessa pessoa está remoendo a raiva ou rancor, o que inevitavelmente faz com que tudo que  fizer, ver e ouvir durante esse dia, será com sua percepção completamente alterada por esse estado emocional negativo. É importante observarmos o grande perigo disso: baseados nesse estado alterado, tomaremos decisões e faremos escolhas que podem ter resultado de longa duração em nossa vida e, lá na frente, só nos lamentaremos do que estivermos colhendo, sem lembrar que estávamos “fora de nós” na hora em que essa semente foi plantada.

Baseado nisso é que me permito não acreditar em “destino”. Quando algum acontecimento inesperado (colheita) surge é porque não me lembro quando plantei. Isso vale até quando, por exemplo, torço o pé na rua. Onde eu estava (consciência) que não percebi o buraco no chão? Estava nas garras do ego, imaginando coisas, me preocupando com resultados que nunca acontecem, ou seja, em estado alucinado, possuído mesmo! Difícil discordar da tese de Tolle.

Outra faceta do nosso ego é levar tudo para o lado pessoal, como se fossemos o centro do mundo, de um lado, ou a pessoa mais miserável, por outro.  Paranoia pura! O ego adora sofrimento e nada melhor para isso do que os extremos. O caminho do meio, do equilíbrio, só mesmo para quem está consciente de si, em franca caminhada evolutiva.

Nos casos mais graves temos os egos doentios que causam estragos sem fim. O ex-ditador Pol Pot que governou(?) o Camboja mandou matar mais de um milhão de pessoas, inclusive, pasmem, todos que usassem óculos! Isso mesmo, você leu bem! Esse doente acreditava que as pessoas que usavam óculos eram cultas e questionariam as “verdades” da teoria marxista que, segundo ele, era perfeita… Outro maluco famoso, Hitler pensava que os Judeus, ciganos a outras raças ameaçavam a pureza ariana e precisavam ser eliminadas para o bem da humanidade. Outros egos doentes, segurando livros religiosos mataram milhões e ainda matam em nome do seu deus achando que estão fazendo o que é certo. E o pior, é que ainda se respeita esse tipo de doença, como “respeito” religioso. Esses egos deformados conseguiram seguidores porque seus discursos eram cheios de emoção e eram repetidos incansavelmente. Egos fracos precisam de egos fortes para se sentirem seguros e os seguem sem pensar.

Assim, toda insanidade e sofrimento humano estão baseados no ego, e transcendê-lo é a tarefa evolutiva primeira. Isso só é possível, em primeiro lugar, com o entendimento de sua formação e funcionamento, ou seja, autoconhecimento! Estudá-lo não basta, precisamos enfrentá-lo, nos opondo a ele com consciência e irmos nos descobrindo a cada nova percepção.

Ken Wilber, certa vez perguntado se as crianças, por não terem ainda um ego, eram iluminadas (baseadas na frase de Jesus onde dizia que só as crianças entrariam no reino dos céus), respondeu que não. Primeiro precisamos formar um ego e, depois, nos livrarmos dele para atingirmos esse último estágio evolutivo. Essa é toda ironia e beleza disso que chamamos de vida. Nascemos puros, copiamos outros, e precisamos nos libertar dessa cópia e encontrarmos nosso verdadeiro Eu.

Se não fizermos essa dura caminhada, Jung estará certo na frase que abre esse texto.

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*Para Jung o Ego é o centro da consciência (mas não a consciência) e um dos maiores Arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes para nos adaptarmos a realidade.

Alexandria (Agora)

Recentemente em uma aula, quando falávamos da dificuldade de assumir quem realmente somos, já que a “normose” vigente obriga as pessoas a alienarem-se de si mesmas, um aluno sugeriu que esse filme ilustrava bem o assunto. E ele tem razão! O filme Alexandria (Agora) retrata a história de uma filosofa e astrônoma, vivida pela excelente Rachel Weisz ( que estrelou “O jardineiro fiel”) que ensinava na famosa biblioteca de Alexandria, considerada uma das maravilhas da humanidade, na época sob domínio romano. O filme mostra a chegada do cristianismo e a intolerância religiosa que levou a destruição da biblioteca e outros conflitos. Nossa heroína luta por manter-se fiel a si mesma em meio a politica e os interesses religiosos, mostrando como é fácil manipular as massas. Destaque especial para a fisionomia de um fanático na cena em que atira uma pedra no rosto do prefeito por ele se recusar a ajoelhar-se diante da autoridade religiosa. Vale a pena conferir um pouco da verdadeira história e avaliar como tem certas coisas que não mudam em sua essência.

Passados 1800 anos, a humanidade continua como as crianças pequenas fazem; discutindo que seu “pai” é melhor que o “pai” do outro…

 

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