Reflexão

Porque DECIDIR é tão difícil

O pior naufrágio é não partir…

Lema dos navegadores espanhóis da idade média

 

 

Tomamos decisões a cada momento, mesmo que nem percebamos que estamos fazendo isso. Nossas ações rotineiras nos tiram essa consciência, mas cada caminho, ligação telefônica, olhar para um lado ou outro, enfim, a cada ato nossa vida pode tomar rumos inimagináveis.

Porém existem ocasiões em que temos uma maior consciência de que estamos optando por um caminho, e até ocasiões da vida que são marcadas por escolhas. Nessas horas, a maioria de nós hesita muito antes de tomar uma decisão. Mas, afinal, porque essas decisões são tão difíceis e, às vezes, demoramos tanto para fazer a opção?

Penso que nossa grande intenção é ter a certeza de que estamos optando pelo caminho correto. Buscamos ter certeza de que não nos arrependeremos no futuro da escolha feita. Mas isso é realmente possível?

Claro que não! E essa impossibilidade leva em consideração dois aspectos absolutamente imaginários e irreais: o passado e o futuro.

O passado, através de minhas vivências anteriores, tem contra si o fato de que não sou mais aquela pessoa que teve as experiências em questão. Ocorreram em etapas anteriores de minha caminhada evolutiva, quando tomei decisões com os recursos que dispunha naquele momento, o que, com o tempo muda, já que aprendi com as experiências vividas.

O futuro muito menos, já que tento antever uma série de eventos e conexões futuras que dêem base a minha opção. É quase como acertar em uma loteria, já que espero ter controle sobre uma grande quantidade de eventos, muitas vezes envolvendo pessoas, situações, etc. Tudo isso precisa dar certo para que minha decisão seja coroada de êxito.

Qual então a saída? Já que não podemos levar em conta o que não mais existe (passado) e o que não sei se acontecerá (futuro) a única maneira é usar apenas o presente, quem sou hoje, o que quero hoje, o que gosto e prefiro hoje. Só que para isso, existe um ingrediente fundamental: o auto conhecimento. Se ainda nem sei quem sou, como posso fazer uma escolha coerente? Esse, em minha opinião, é o principal motivo que leva as pessoas a “empacarem” diante de algumas escolhas. Conversam muito, ouvem tantas opiniões que aumentam a dúvida ainda mais.

Qualquer decisão é melhor que a indecisão! Depois de iniciada a caminhada, não há nenhum problema em corrigir rumos, mas decidir é muito importante, com consciência do meu presente, o único aspecto realmente existente e confiável.

Além é claro de que a escolha, nos compromete com seu êxito, já que rumamos em direção ao objetivo. Decida e não olhe para trás, afinal, como dizem, caminhar olhando para trás nos impede de vermos os obstáculos que estão à frente, na sua maioria, fáceis de vencer. De mais a mais, quando não estou convicto, qualquer mínimo entrave já é visto como “sinal” de que escolhi errado.

Assuma a responsabilidade de suas escolhas! Só assim vem a confiança e o prêmio de nos sentirmos dono de nossa vida.

 

PERDAS

Diga teus apegos e te direi o quanto sofres.

Roberto Crema

Nessa semana, quero refletir com você sobre a questão das perdas. Dentro da dualidade da vida, as perdas só acontecem porque, antes houve ganhos. Tanto um como outro fazem parte de fato de estarmos vivos.

A vida, por definição, é algo que tem um fluir onde a mudança é inevitável. Mudamos fisicamente a cada momento (como já coloquei em texto anterior) e, portanto, de certa forma também “nos perdemos” na medida em que o Eu que era já não mais existe, seja pelas experiências, biologia, conhecimento, relações, etc. que nos transformam, quer queiramos ou não. Acredito que um dos motivos maiores do sofrimento das pessoas é a não aceitação dessa mudança, de querermos “congelar” nosso Ser em determinado momento da vida, com o que temos a nossa volta, em que estamos mais felizes e nunca mais mudarmos. Nessa hora, já começa um medo de “perder” esse Eu que está feliz e lá vem a angústia e ansiedade…

Essa saudável insegurança do processo de se estar vivo, que sempre nos torna criativos, dedicados a algo, motivados, só nos faz bem! Mas não, buscamos a anti-vida, a estagnação.

E é justamente aí, que entra nossa relação com tudo que entendemos que seja nosso, ou seja, que sou dono, que me pertence. Nesse rol além de bens materiais, posição social, temos nosso “patrimônio” de pessoas: amigos, pais, filhos e relacionamentos afetivos. Não conseguimos  pensar na idéia de que essas pessoas nos deixem, nem que seja quando morrem. Vinculamos a sua presença a nossa volta, nossa influência sobre elas como a razão de nosso bem estar. Logo, perdê-las, seria perder esse bem estar, e aí vem a dor quase insuportável quando alguém morre, se afasta, etc.

Não precisamos ir muito longe para ligar sem esforço tudo que foi dito até agora ao conceito de APEGO. As tradições orientais trabalham isso há séculos, mas aqui no Ocidente nossas principais religiões, logo, nossa cultura, fazem o contrário; enfatizam o apego valorizando uma cultura de sofrimento, afinal se não sofro é porque não amo… Que absurdo!!

Evidentemente que o que entendemos que seja morrer, por exemplo, também faz parte de apego. Se vejo a morte como fim, reajo de um jeito, se vejo como a continuidade da vida de outro modo, me consola. Isso explica, principalmente no Brasil, a imensa quantidade de cristãos que freqüentam outras religiões ou filosofias que tratam a morte não como um fim, apesar de isso se opor diretamente a religião “oficial”. Muito irônico!

Será que se me propor a aceitar as inevitáveis mudanças, que as pessoas possam deixar de estar do meu lado, seja por o motivo que for, isso me fará infeliz? Tenho repetido que nunca essa plenitude de estar em paz comigo chegará enquanto depender de pessoas ou situações para isso. Meu bem estar não pode estar fora do meu alcance. Buda em suas quatro nobre verdades deixa isso muito claro e até hoje não entendo como seu pensamento (não falei do budismo, da religião) não é estudado nos meios acadêmicos de psicologia, onde os ícones eram e são pessoas realmente inteligentes e que trouxeram contribuições, mas que estão a milhares de quilômetros da evolução de consciência que ele atingiu.

André Gide, filósofo e escritor, observou: “A infelicidade resulta de olhar ao redor e controlar o que se vê.”

Não há como estancar o fluir da vida…deixe que o que termina se vá…só assim você terá braços para abraçar o novo. Isso não quer dizer que não amamos, valorizamos ou sentimos falta, apenas que entendemos que a vida é assim! Não adianta resistir. Adianta?

 

Reflexão sobre a TOLERÂNCIA

tolerante – que releva e aceita as falhas alheias; indulgente. Que aceita e respeita idéias ou comportamentos distintos dos seus.

Dicionário Caldas Aulete

 

Passados alguns dias, penso ser oportuno refletirmos sobre os limites da tolerância, tendo como “pano de fundo” o atentado na Noruega.

Consta que a boa educação recomenda que devemos ser tolerantes com aqueles que pensam diferente, afinal cada pessoa tem o direito de escolha sobre sexo, política, religião e no Brasil, futebol…

A questão que se coloca é se devemos respeitar e aceitar diplomaticamente pessoas  que lidam com os conceitos diferentes dos seus de modo tão extremista. Até que ponto é democrático termos, por exemplo, partidos políticos que pregam ideologias nazistas e similares com amplo direito a exporem suas idéias livremente, podendo eleger representantes para os parlamentos e congressos de seus países?

Os defensores da liberdade plena dirão que a “livre expressão” é um direito básico de todo o cidadão, por mais extremas que sejam suas idéias. Penso que essa liberdade só pode ser exercida se estivermos falando de um Ser Humano no pleno gozo de sua humanidade. Será que ao aceitarmos conviver com idéias racistas e baseadas apenas em crenças (sem comprovação, portanto) não estamos sendo coniventes com atos como esse ocorrido na Noruega ou atos violentos baseados em princípios religiosos ou raciais?

É realmente humano quem pensa que sua raça é superior as demais ou que acredita que sua religião ou sua ideologia é a única correta e quem não concordar merece ser desdenhado, eliminado ou punido?

O princípio da humanidade deve principiar pelo bem mais valioso: a vida!

Sempre que alguém, para chamar atenção para suas “verdades”, precisa destruir ou matar, pensando estar fazendo algum bem a humanidade ou para valorizar suas ideologias, em minha opinião, está longe de poder ser chamado de humano.

Nossas escolas ensinam conteúdos para formar uma boa mão de obra para nossa cultura de produção e consumo, quando deveriam, na opinião de Daisaku Ikeda, formar “seres humanos” em primeiro lugar, para só depois ensinar os demais fundamentos.

Está mais do que na hora dos politicamente corretos, tolerantes, democráticos e demais omissos saírem do conforto de seus conceitos de liberdade e defenderem, nem que seja o direito das pessoas fazerem suas escolhas e algumas que nem fizeram (como sua nacionalidade), tenham o direito de continuarem vivas. Devemos, em nome da liberdade, proibir toda e qualquer idéia que defenda qualquer espécie de supremacia seja de que conceito for em nome da vida, por mais incoerente que possa parecer com o conceito de liberdade.

Quando leio que atos como esse, já são defendidos (justificados) por alguns líderes de extrema direita, antevejo que esse tipo de ignorância está longe de terminar. Sabemos que a verdade nunca está nos extremos, mas o meio termo precisa de ação, e já!

Pode até ser coincidência, mas “tolerante” está no dicionário perto demais da palavra “tolo”. Se não for mero acaso, deve ser por ter a mesma raiz…

A questão da ESPERANÇA

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO…

SÊ TODO EM CADA COISA…

PÕE QUANTO ÉS NO MÍNIMO QUE FAZES.

ASSIM EM CADA LAGO A LUA TODA BRILHA

PORQUE ALTA VIVE.

Fernando Pessoa

 

A esperança é tratada ou pensada pela maioria das pessoas como uma qualidade que devemos desenvolver, um predicado daquele que nunca deixa de acreditar que seu desejo se realize. Mas seria a esperança uma qualidade ou um defeito?

Parece que não se discute que a palavra esperança tem sua raiz em “esperar”, passando a idéia de algum ato passivo, desvinculado de ação. Sabemos bem o efeito que causa essa palavra dita, por exemplo, por um médico: “Não devemos perder a esperança…” nessa hora temos a percepção de uma sentença definitiva, irrevogável; sentimos que estamos sendo preparados para o pior.

Outros têm a esperança que suas vidas possam mudar, seja por um golpe de sorte,  esperando que o improvável aconteça, seja no aspecto familiar, profissional ou afetivo. Não sei quem foi que disse que o impossível às vezes pode até acontecer, mais o improvável nunca acontece. Pura verdade, pelo menos,  no meu ponto de vista. Minha experiência mostra que realmente esperamos o improvável, mas o que faz mal é que ao tomarmos essa posição, “entregamos os pontos” em relação as nossas atitudes para fazer acontecer, desistimos voltando nossa expectativa para que um milagre aconteça.

Pandora, quando abre sua "caixa".
Pandora, quando abre sua “caixa”.

Conta-nos a mitologia grega que Zeus, rei dos deuses, ficou descontente com a obra de Prometeu; ele havia criado o Homem amassando barro, contando com a ajuda de Atena que teria insuflado alma e vida. Para vingar-se enviou Pandora, uma linda mulher, que trouxe consigo um baú onde estavam colocados todos os defeitos humanos. Ao abrir a caixa, recebemos o egoísmo, a maldade, a inveja, etc. Porém, Prometeu conseguiu fechar esse baú antes do último defeito sair, e esse defeito era a esperança. Nossa imagem ilustrativa relata esse momento, e adorna a 17ª lâmina do Tarô mitológico, que leva o nome de “A Estrela”.

O ensinamento dessa estória era justamente demonstrar que a esperança é considerada um defeito na medida em que simplesmente desisto, seja do que for, abandonando a luta, aceitando a derrota sem reagir mais. O que precisamos, apesar de parecer tudo perdido, é acreditar que uma mínima luz do final do túnel é suficiente para que continuemos a lutar pelo que queremos e objetivamos.

Não conheço nenhuma história de crescimento pessoal que tenha ocorrido sem uma vitória sobre o medo, em momentos em que tudo parecia perdido, arriscando-se tudo! Sempre penso que nesses momentos cruciais, a vitória não veio da esperança, veio da confiança, na fé em si mesmo!

Portanto sugiro que, a partir de hoje, reveja seu conceito sobre a esperança e lembre que tudo sempre será resultado das ações anteriores e mesmo que não aconteça o esperado, a luta e o empenho com certeza o tornaram mais forte e valerá muito, logo, logo ali na frente. Afinal nosso “jogo” dá é com a vida, tem ainda muito tempo pela frente e está realmente longe de acabar…

Não “espere” mais!

 

*Nesse último final de semana estive em Joinville no Instituto de Parapsicologia ministrando um curso de numerologia. Foi uma experiência gratificante, onde tive a oportunidade de estar com um grupo de pessoas interessadas no progresso humano e em se “armar” de recursos para participarem do seu crescimento e dos demais. Como estou em viagem, prometo para a semana que vem a foto dos novos numerólogos.

 

 

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