Filosofia

“O estranho misterioso”

 

Recebi a indicação desse vídeo e quero compartilhar com os assinantes e leitores do blog. Trata-se de um trecho de 5 minutos do filme “As aventuras de Mark Twain” de 1985. O trecho em questão foi retirado (censurado), já que o público-alvo é infantil, o que é uma pena, já que uma criança, do seu jeito, poderá tirar muito proveito dele. Assistam e, se quiserem, deixem seus comentários.

Aproveito para informar que o Curso de Radiestesia teve sua data transferida para 24 e 25 de novembro em São Bento do Sul.

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O EGO

                 “Todos nós nascemos originais e morremos cópias.”

Carl G. Jung

Em algum momento o caro leitor (a) já se perguntou quem é que fala dentro da sua cabeça? Esse “alguém” é o Ego*, que significa “eu”, se formos procurar nos dicionários, mas, na verdade, ele (o ego) não é você! Afinal, se fosse, não conversaríamos com ele nem ele conosco, não é mesmo?

Dos autores modernos, Eckhart Tolle é quem mais se dedica ao tema em seus livros. Em alguns momentos ele diz que o ser humano é “possuído” por sua mente, no caso seu ego. Ele tem razão se levarmos em consideração o fato de que, na maioria do tempo, estamos inconscientes de nós mesmos, nas eternas viagens alucinatórias entre nosso passado e futuro, nos mares infindáveis da negatividade. Como estamos fora da realidade nesses momentos, ficamos realmente dominados por nossos pensamentos e é natural acharmos que nós somos esses pensamentos.

Esses pensamentos são formados pela nossa educação, cultura, sociedade, religiões, etc. Como tudo isso nos foi dado pelo que chamamos de “educação” desde que nascemos, esses paradigmas formam nosso ego e não temos muitas defesas em relação a isso em nossa infância.  Somos cobrados para  vivermos esses conceitos que recebemos e temos medo de não gostarem de nós se não seguimos a cartilha recebida. Com o tempo, de tanto pensar baseado nesses conceitos, nos viciamos neles e, eles passam a ser a maneira como interpretamos a vida, ou seja, nossos pensamentos. Como toda a história repetida incessantemente se torna uma verdade (nossa mente funciona assim) nos viciamos a pensar desse modo e depois quando quisermos romper com alguns desses pensamentos, vem a culpa e o medo. Sem os problemas causados pelo ego a psicoterapia ficaria quase sem função, já que, como veremos, o sofrimento mental e emocional provém do ego. E desse sofrimento nasce a ansiedade que, em minha opinião é responsável por quase todos os problemas emocionais e a maioria dos somáticos.

Com o passar do tempo, para nos adaptarmos a vida social, vamos desenvolvendo papéis, que encenamos conforme a necessidade e, não tem como não nos identificarmos com eles. Observe, só por curiosidade, como nossos personagens têm estilos, vocabulário e vestimentas diferentes. Sempre que um precisa ser substituído por outro, trocamos de roupa, postura, fala e tudo mais.

Como o ego significa “eu”, esse conceito para existir precisa de seu oposto dentro da dualidade que vivemos, ou seja, para ter um “eu” precisa também da existência do “outro”. E é um dos motivos por termos esse vício de estarmos sempre julgando os outros, pois é na hora em critico alguém que meu ego tem a oportunidade de sentir-se superior. Palavras como egoísmo, que tem a mesma raiz, explicam-se por si só. Agora é mais fácil de entender o gosto que a maioria das pessoas tem por notícias e falar sobre acontecimentos trágicos e escândalos. Vendo isso a todos os momentos, sempre nos acomodamos em nossas misérias pessoais, afinal poderia ser bem pior, e isso explica, em muito, a dificuldade das pessoas de realizarem mudanças importantes. Esse “consolo” pela desgraça alheia ajuda a aceitarmos a nossa como boa e nos acomodamos.

Assim, o ego também adora se queixar e se fazer de vítima. A auto piedade, de certa forma, nos fortalece pela atenção e carinho que recebemos. Repetimos a várias pessoas nossa história trágica, onde estamos sendo vitimados por um algoz – pessoa ou situação – e, com o tempo, nos tornamos essa história e nos acostumamos com suas vantagens, afinal todos demonstram tanta preocupação conosco, nos ligam, postam frases de auto ajuda, rezam por nós, etc. O ego adora isso tanto quanto quando está no lado oposto, o da crítica feroz, fofoca e julgamento, que, muitas vezes, faz surgir o grito e a violência como forma do ego se impor sobre o outro.

Observe quando alguém diz que determinado acontecimento ou pessoa “estragou” seu dia. Nessa hora o ego dessa pessoa está remoendo a raiva ou rancor, o que inevitavelmente faz com que tudo que  fizer, ver e ouvir durante esse dia, será com sua percepção completamente alterada por esse estado emocional negativo. É importante observarmos o grande perigo disso: baseados nesse estado alterado, tomaremos decisões e faremos escolhas que podem ter resultado de longa duração em nossa vida e, lá na frente, só nos lamentaremos do que estivermos colhendo, sem lembrar que estávamos “fora de nós” na hora em que essa semente foi plantada.

Baseado nisso é que me permito não acreditar em “destino”. Quando algum acontecimento inesperado (colheita) surge é porque não me lembro quando plantei. Isso vale até quando, por exemplo, torço o pé na rua. Onde eu estava (consciência) que não percebi o buraco no chão? Estava nas garras do ego, imaginando coisas, me preocupando com resultados que nunca acontecem, ou seja, em estado alucinado, possuído mesmo! Difícil discordar da tese de Tolle.

Outra faceta do nosso ego é levar tudo para o lado pessoal, como se fossemos o centro do mundo, de um lado, ou a pessoa mais miserável, por outro.  Paranoia pura! O ego adora sofrimento e nada melhor para isso do que os extremos. O caminho do meio, do equilíbrio, só mesmo para quem está consciente de si, em franca caminhada evolutiva.

Nos casos mais graves temos os egos doentios que causam estragos sem fim. O ex-ditador Pol Pot que governou(?) o Camboja mandou matar mais de um milhão de pessoas, inclusive, pasmem, todos que usassem óculos! Isso mesmo, você leu bem! Esse doente acreditava que as pessoas que usavam óculos eram cultas e questionariam as “verdades” da teoria marxista que, segundo ele, era perfeita… Outro maluco famoso, Hitler pensava que os Judeus, ciganos a outras raças ameaçavam a pureza ariana e precisavam ser eliminadas para o bem da humanidade. Outros egos doentes, segurando livros religiosos mataram milhões e ainda matam em nome do seu deus achando que estão fazendo o que é certo. E o pior, é que ainda se respeita esse tipo de doença, como “respeito” religioso. Esses egos deformados conseguiram seguidores porque seus discursos eram cheios de emoção e eram repetidos incansavelmente. Egos fracos precisam de egos fortes para se sentirem seguros e os seguem sem pensar.

Assim, toda insanidade e sofrimento humano estão baseados no ego, e transcendê-lo é a tarefa evolutiva primeira. Isso só é possível, em primeiro lugar, com o entendimento de sua formação e funcionamento, ou seja, autoconhecimento! Estudá-lo não basta, precisamos enfrentá-lo, nos opondo a ele com consciência e irmos nos descobrindo a cada nova percepção.

Ken Wilber, certa vez perguntado se as crianças, por não terem ainda um ego, eram iluminadas (baseadas na frase de Jesus onde dizia que só as crianças entrariam no reino dos céus), respondeu que não. Primeiro precisamos formar um ego e, depois, nos livrarmos dele para atingirmos esse último estágio evolutivo. Essa é toda ironia e beleza disso que chamamos de vida. Nascemos puros, copiamos outros, e precisamos nos libertar dessa cópia e encontrarmos nosso verdadeiro Eu.

Se não fizermos essa dura caminhada, Jung estará certo na frase que abre esse texto.

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*Para Jung o Ego é o centro da consciência (mas não a consciência) e um dos maiores Arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes para nos adaptarmos a realidade.

Alexandria (Agora)

Recentemente em uma aula, quando falávamos da dificuldade de assumir quem realmente somos, já que a “normose” vigente obriga as pessoas a alienarem-se de si mesmas, um aluno sugeriu que esse filme ilustrava bem o assunto. E ele tem razão! O filme Alexandria (Agora) retrata a história de uma filosofa e astrônoma, vivida pela excelente Rachel Weisz ( que estrelou “O jardineiro fiel”) que ensinava na famosa biblioteca de Alexandria, considerada uma das maravilhas da humanidade, na época sob domínio romano. O filme mostra a chegada do cristianismo e a intolerância religiosa que levou a destruição da biblioteca e outros conflitos. Nossa heroína luta por manter-se fiel a si mesma em meio a politica e os interesses religiosos, mostrando como é fácil manipular as massas. Destaque especial para a fisionomia de um fanático na cena em que atira uma pedra no rosto do prefeito por ele se recusar a ajoelhar-se diante da autoridade religiosa. Vale a pena conferir um pouco da verdadeira história e avaliar como tem certas coisas que não mudam em sua essência.

Passados 1800 anos, a humanidade continua como as crianças pequenas fazem; discutindo que seu “pai” é melhor que o “pai” do outro…

 

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A CONFIANÇA

“É preciso ter dúvida, só os estúpidos tem uma confiança absoluta em si mesmos”

Orson Welles

Confiança é uma qualidade?

Parece ser unânime que sim, mas se verificarmos um pouco mais a fundo, talvez se chegue à conclusão que não é bem assim. Assim como em artigo anterior tratamos da “Esperança” e mostramos que temos uma ideia errada de seu verdadeiro sentido, a questão da confiança precisa ser melhor entendida.

Diz o dicionário* que confiança é segurança íntima, petulância, atrevimento, bom conceito. Normalmente a confiança que buscamos em nós é essa segurança de que somos capazes de algo, de não termos dúvida do nosso sucesso. A confiança, sob esse ponto de vista ajuda muito, afinal sempre externamos nosso interior em nossas ações e essa “certeza” realmente ajuda as coisas acontecerem. Mas a confiança também tem seu “outro lado” que faz com que, em alguns casos, seja até um tipo de estupidez. Imagino que o caro leitor (a) esteja pensando como isso seja possível e não é difícil de explicar; muitas vezes, a confiança faz com que não reflitamos sobre a situação em questão, partindo do pressuposto, por exemplo, de que se deu certo em outra oportunidade também dará agora. Portanto, a confiança pode afastar a inteligência e análise da questão, fazendo com tomemos decisões equivocadas.

Interessante também refletir que, quanto mais uma pessoa é inteligente, mais insegura ou hesitante será, afinal a inteligência faz com que todas as possibilidades sejam postas na balança da racionalidade e, a diversidade de opções a mantém, muitas vezes, paralisada diante da escolha que precisa ser feita.

Nessa hora, o importante é fazer a escolha. Ficar parado e pensando como seria essa ou aquela escolha só vai criando uma agonia e, logo a seguir, a frustração de estar ainda na mesma situação. Portanto, não demore demais, faça sua escolha e siga adiante! Aí você me pergunta: E se não der certo? Se não der certo, você sabe que fez uma escolha baseada em reflexão e esse caminho também trouxe aprendizados e experiências que vão levá-lo mais rapidamente ao acerto. Não se esqueça de que também pode ser o caminho correto e logo vem à recompensa! O importante sempre é seguir, ir avante. Mesmo que tenhamos que fazer um retorno, mesmo assim estamos caminhando, evoluindo e crescendo. Uma das maneiras de se chegar ao caminho correto é sabermos o incorreto, e isso também é sabedoria.

Por outro lado, temos uma tendência a buscarmos sempre um líder, alguém que possa decidir por nós, só que muitas vezes esses líderes, normalmente pessoas confiantes, nem sempre não são muito inteligentes ou sadios. Veja que a confiança depositada em alguns líderes fez com que algumas pessoas se suicidassem ou matassem milhares e milhões em nome deles. Isso ainda pode ser mais sério até, afinal, temos líderes que nem sabemos se realmente existem, representados por pessoas que se dizem seus “representantes legais ou sucessores” que ao longo da história, e também atualmente, fazem barbaridades. Isso só acontece porque temos essa tendência de nos eximirmos de nossa responsabilidade das grandes decisões de nossa vida. Se for para errar, erre por sua própria escolha! Não sei se você percebeu, mas nos últimos, por exemplo, dois mil anos, tudo mudou; o mundo, as pessoas e as ideias e conceitos sobre tudo. Portanto, cuidado com as velhas soluções!

Desde que nascemos, sempre tivemos alguém que decidiu por nós, dizendo o que deveríamos, comer, vestir, qual o melhor lugar para ir, o que era mais seguro, etc. Aprendemos a ouvir nossos líderes e ter medo de desobedecê-los, de sermos culpados por nosso eventual sofrimento. Não é a toa, que, depois de adultos, tenhamos dificuldade e muita hesitação. Isso foi sempre bem usado, basta perceber, por exemplo, que a palavra “padre” quer dizer “pai”,  “papa” significa “papai”, “madre” significa mamãe e “pastor” é aquele que cuida e conduz, etc. O que não percebemos, é que se precisamos de alguém para nos dizer o que fazer, também significa que não sei decidir, não sei resolver o que é ou não bom para mim. Por isso, desde sempre estamos com medo de desobedecer, seja o pai da terra ou do céu. Aja sentimento de culpa para tudo isso…

É justamente por isso que adoramos líderes confiantes, que sabem o que querem. Só não sei se o que eles querem é realmente bom para você!

Quero dizer que não há nenhum problema na hesitação em si, no fato de ficar em dúvida. Isso apenas significa que muitas possibilidades estão sendo analisadas e que seu pensamento lógico está funcionando bem. O problema é ficar parado e não sair do lugar. Lembre que já frisamos anteriormente (recomendo a leitura do artigo anterior “Porque é tão difícil decidir”), que a pior escolha é não escolher. Qualquer decisão, de um jeito ou de outro, será boa no final. A decisão errada só leva mais tempo para dar certo.

Mesmo que estejamos diante de uma escolha com três possibilidades, por exemplo, ficaremos indecisos entre elas, pensando qual delas é a certa. Se assim pensamos, estamos partindo do pressuposto que as duas outras são erradas, e não são! Porque não podem ser a três certas?

Pense comigo:

Qualquer uma das opções se for assumida integralmente, sem se ficar caminhando olhando para trás, querendo manter as outras possibilidades – o que é impossível e muito sofrido, além é claro de não representar realmente uma decisão -, será uma trajetória de vida. Esse caminho escolhido será como uma estrada e no seu percurso coisas acontecerão; pessoas novas surgirão, aprendizados que levarão a outras escolhas que serão feitas, etc. Se estivermos “ali” buscando melhorar a cada dia, é inevitável que seremos felizes também, assim como seriam quaisquer dos outros dois caminhos que abrimos mão. Não existe destino! Nós o fazemos a cada ato e se estamos conscientes, decididos a nos melhorarmos todas as estradas são boas, afinal todos os caminhos levam a Roma…Todo o problema, então, é de acharmos que só existe um caminho correto e que os demais são errados. Livre arbítrio é escolha!

Não é nenhum problema hesitar, pensar e ponderar. Problema é ficar parado diante da vida. Não espere que ninguém decida por você, não espere nenhum “sinal” do céu, que muitas vezes é uma atitude inconsciente que tomamos, esperando o resultado que é esse “sinal”, que no fim, nós mesmos nos demos. Sempre penso que, no fundo sabemos o que queremos.

 Lembre-se do que já disse: não existe controle sobre o futuro, só podemos decidir em cima do que realmente existe: a pessoa que sou hoje, todo o resto é a mais pura imaginação, futurologia (ciência ainda não inventada).

Essa de dizer que todas as opções podem ser corretas deixou você pensando, não é mesmo?

Então, agora, decida-se!

*Dicionário Caldas Aulete

O Louco e o Iluminado

“Quando você atinge a iluminação, não se torna uma nova pessoa. Na verdade, você não ganha nada, apenas perde algo: se desprende de suas correntes, de suas amarras, deixa para trás seu sofrimento e vai perdendo outras coisas. A iluminação é um processo de perda.”

OSHO

Quando nos dedicamos ao estudo dos arcanos do tarô, nos deparamos com um profundo ensinamento com a carta que começa e encerra a trajetória do homem, que vai da ignorância até a  busca da “iluminação,” que nada mais é do que um desligamento de todo o sofrimento e das alucinações sobre o passado e o futuro.  Além é claro, do total desapego, que é  não depender de nada externo a ele para se sentir bem.

Todo o mistério e ensinamento é que tanto o louco (ignorante) como o iluminado, são representados pela mesma figura. E o primeiro aprendizado é que a diferença entre esses estados opostos é ao mesmo tempo imensa e sutil.

Tanto um quanto outro estão fora da “curva” de normalidade, e isso é muito interessante, afinal os dois são considerados pela psicologia e psiquiatria como pessoas com alguma patologia. Existe o que se chama de “normal”, que nada mais é do que pessoas diferentes entre si – lembrando que ninguém é igual a ninguém – que tem comportamentos semelhantes, sonhos semelhantes e acham que o certo e o errado é o mesmo para todos. Evidentemente que isso é que é doentio, em minha opinião.

Dessa forma, podemos encontrar dois tipos de loucos, a saber: o primeiro tipo são aqueles que estão abaixo da linha da normalidade, são pessoas realmente doentes devido a distúrbios, enfermidades psicológicas de vários tipos. Esse tipo de loucura é involuntária, já que ninguém escolheu isso para si. Precisa de cuidado e tratamento!

Do outro lado, temos os loucos acima da linha da normalidade, que são pessoas que não temem o desconhecido, não tem medo do ridículo (o que os outros vão pensar), sabem que o “conhecido” as mantêm estagnadas e vão em busca de seus sonhos sem medo. Essa loucura é voluntária e representa a minoria, aqueles que estão realmente vivos e em evolução. São eles que, na verdade, podem até perder tudo, menos a razão!

E é, justamente por isso, que os dois tipos de loucos representam ao mesmo tempo a ignorância e a sabedoria. O louco sábio tem consciência de sua ignorância, por isso busca seus sonhos sem julgar o dos outros, não busca convencer ninguém de suas ideias e, principalmente, está ligado ao que acontece a cada momento, sem se preocupar muito com o futuro, que ele sabe ser mais uma das alucinações dos preocupados “normais”.

Tanto o iluminado como o completo ignorante andam pela vida de forma inocente, quase infantil, parecendo irresponsáveis sobre seus atos, afinal eles não premeditam nada e não esperam nada dos demais. Certa vez li um trabalho que mostrava que os psicóticos (pessoas desligadas da realidade para a psiquiatria) tem uma expectativa de vida maior do que as pessoas ditas normais, afinal eles não se preocupam com nada, se expressam livremente sem repressão, não guardando mágoas nem rancor, muito menos se estressando com a vida. Deve ser por isso que são fortemente medicados e mantidos sob confinamento. Nesse mundo normal, realmente, não há lugar para gente assim!

A consciência é estar inteiro a cada momento e essa é a única felicidade! Tudo que acontece fora de mim, como os problemas do cotidiano, as perdas e tristezas agem sobre cada pessoa diferentemente. Aquele que está inconsciente fica reativo às situações e é governado por elas e seu sofrimento é longo e penoso. Já quando alguma coisa abate uma pessoa consciente, ela tem uma autonomia de, livremente, dar outro sentido ou significado ao que aconteceu e nunca é dominada pela situação.

Por mais simples que possa parecer, lembre que se estamos conscientes nada nos acontece fora do nosso controle. Quando alguém, por exemplo, está comendo demais, usando álcool, drogas  ou qualquer outra forma de atitude contra si mesmo (auto sabotagem), isso só ocorre pela inconsciência de não entender a raiz do seu sofrimento passando a buscar compensações externas.

Agora fica mais fácil de entender que quando estamos lúcidos e congruentes (comprometido com o que sou hoje), estamos experimentando uma espécie de unidade, já quando perco minha percepção da realidade por estar vivendo as alucinações do passado e do futuro estou na dualidade, que, como sabemos, é a raiz do sofrimento humano. Fico dividido em dois: meu corpo e vida aqui, meu pensamento o tempo todo fora do tempo presente, negativando situações e criando um estresse baseado em nada que seja real, apenas em expectativas delirantes.

Osho disse certa vez em uma de suas palestras, que, quando nos aproximamos de Deus temos uma sensação de estarmos ficando loucos, e isso me parece simples de entender. Se vivemos no mundo da dualidade desde quando nascemos, tudo que conhecemos, portanto normal, é dual e sofrido. A evolução tende a nos levar a unidade e ao fim do sofrimento e isso parece mesmo loucura, não acha?

Justamente por isso o caminho evolutivo é sempre uma trajetória solitária, que poucos se dispõem a empreender, afinal,  normalidade cobra um preço caro para quem sai do bando, se arvorando na loucura de ser diferente!

Então, se pensarmos bem, veremos como é profundo o significado dessa mesma carta representar dois extremos, ao mesmo tempo, tão parecidos. Quando alguém lhe disser que essa ou aquela pessoa é louca, procure prestar atenção, fique atento, e cuidado com os julgamentos rápidos, você pode estar diante de um Mestre!

O Louco - Tarô de Marselha
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