Filosofia

Higiene emocional

 A educação para o sofrimento, evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem.

Carlos Drummond de Andrade

 

 

Penso ser importante refletirmos se cuidamos bem da nossa higiene emocional. Tenho certeza que a maioria das pessoas cuida da limpeza e conservação do seu corpo, afinal aprendemos isso desde criança como sendo algo importante em nossa vida. Porém vejo poucas pessoas que se preocupam com o que entra pelos seus olhos e ouvidos.

Podemos usar como “gancho” esse trágico acontecimento no último final de semana onde mais de 240 pessoas morreram em um incêndio em uma casa noturna. Da tragédia em si, que vitimou tantos jovens, não há muito mais a acrescentar, até porque a mídia com suas diversas faces expôs durante dias e horas o desespero dos familiares, dos amigos, os corpos, os depoimentos dos especialistas e tudo mais que pudesse manter as pessoas durante horas e dias focadas nesse acontecimento.

Mas, afinal, porque gostamos tanto de ficar assistindo os desdobramentos dessa e de outras tragédias, porque a desgraça e o sofrimento vendem tantos jornais, revistas e mantém as pessoas ligadas nisso?

Solidariedade? Somente até o ponto em que você se movimenta e toma uma atitude de ajuda, como, por exemplo, doar sangue para as vítimas, arrecadar alimentos,  contribuir financeiramente ou despender seu tempo em trabalhar como um voluntário no local do evento.

Se não for nenhum dos itens acima, e isso inclui 98% dos leitores e telespectadores, é puramente um consolo para suas próprias dificuldades e uma acomodação diante dos problemas que não consegue resolver em sua vida. É como se a tragédia do outro me consolasse e tornasse a minha suportável. Como se vendo outras pessoas em sofrimento profundo mostrassem que o meu nem é tão grave assim! Dessa forma, ficar horas, dias vendo  e comentando esses acontecimentos ajuda tirar o foco de mim mesmo, e o pior: me acomoda na minha tragédia pessoal.

Tenho certeza, até porque já ouvi jornalistas comentando, seja em programas sobre o funcionamento da mídia ou até mesmo por pura observação que, se tivéssemos um jornal impresso ou uma televisão apenas de boas notícias (elas acontecem tanto como as más), esta sairia do ar ou entraria em falência em poucos dias. As pessoas não se interessam por isso, justamente porque boas notícias, pessoas realizadas e felizes também mostram o quanto não estamos bem ou tristes com nossos rumos. Isso nos incomodaria, trazendo um desconforto que faria com que trocássemos de canal imediatamente ou não comprássemos mais esse “jornalzinho sem graça”. O que vemos são as boas novas encerrando o noticiário televisivo ou no rodapé de uma página no meio do jornal.

Alguns iludidos podem até dizer que ficam diante da tragédia por horas a fio em solidariedade com as vítimas e suas famílias! Pura bobagem! Infelizmente nossa cultura adora e valoriza toda a forma de sofrimento e sofrer junto vira solidariedade. Não defendo a alienação, mas, se não conhecemos os envolvidos e suas famílias, ficar em agonia e tristeza futricando em cima do assunto é uma atitude, emocionalmente falando, muito pouco inteligente, até porque não gera nada de útil, pelo contrário!

Nossa mente se identifica com tudo que vê e ouve, sendo assim, se, por exemplo, você está assistindo ao relato desesperado de um pai ou uma mãe que perdeu um filho de forma trágica, imediatamente você se colocará no lugar dessa pessoa, buscando, para entendê-la ou solidarizar-se com ela, sentir o que ela está sentindo. Como já sabemos por artigos anteriores, nosso metabolismo é movido unicamente por nossos pensamentos, não importando se são frutos da realidade ou imaginação. Nesse momento de “profunda solidariedade” hormônios de sofrimento (estresse), sensação de angústia e tristeza tomam conta do seu corpo com efeitos não só sobre sua saúde, mas também sobre seus comportamentos e atitudes nas horas e dias seguintes. Lembrando que, na realidade, não está acontecendo nada disso com você!

Ver a notícia, saber o que houve, se algo pode ser feito, fazer uma prece ou oração pelas vítimas e seus familiares é uma coisa, ficar sofrendo junto, aí já é falta de inteligência emocional. Solidariedade é ação, não imaginação!

Assim como uma pedra que cai em um lago cria ondas a seu redor, nossas decisões e ações na vida estão intimamente ligadas ao nosso estado imaginativo, logo, emocional. Imagine que, depois de ficar pensando e se colocando nos lugar das pessoas envolvidas, se seria tão improvável poder ficar sem a concentração suficiente para dirigir, ou  resolver se vai ou não a algum lugar ou ainda se aceita um convite seja para o que for? Todos sabemos que nosso humor é fator decisivo na maneira como interpretamos o que está acontecendo. Cabe nunca esquecer que a cada segundo estamos tomando decisões (a maioria sem sequer estar percebendo) que muda o rumo de nossa vida e decide nosso destino.

Evite tragédias, más notícias e sofrimento de todo o tipo! De um jeito ou outro você vai ficar sabendo, basta abrir a página de seu provedor de internet, ligar o rádio do carro ou passar pela banca de jornal. Saber já basta! A partir daí, se não houver nada prático e útil que você possa fazer, fique na realidade de sua vida, toque seus projetos e curta os momentos em que as tragédias e as notícias desagradáveis não estejam realmente acontecendo com você. Problemas todos temos, cada um os seus, e já são suficientes para sofrermos, imagine acrescentando os que não são nossos!

É incrível que a simples higienização (repito: não é alienação) faz diferença na vida de pessoas com depressão e com níveis altos de ansiedade. Não é uma ideia, mas um fato que comprovo com meus consulentes no consultório todos os dias, já que faço disso uma praxis terapêutica.

Essa semana, uma consulente que está pondo em prática várias mudanças, incluindo esse cuidado com o que vê e ouve, me perguntou se ela não estaria ficando muito “fria” em relação ao sofrimento dessas pessoas. É claro que não, ela está apenas sendo seletiva e cuidadosa com sua emoção, diminuindo inteligentemente sua carga de sofrimento. Na verdade, ela somente está se acostumando a sentir-se bem por mais tempo. Colocaram tantas bobagens na nossa cabeça, que nos sentimos até inadequados quando nos percebemos em bem-estar prolongado com “tantas tragédias a nossa volta”.

Acho até paradoxal quando vejo que eventos estão sendo cancelados em solidariedade as vítimas. É claro que elas merecem todo o apoio de seus amigos, familiares e de todos que possam realmente ajudar. A ironia toda é que 1400 crianças morrem por dia no mundo* de fome e nada acontece, nem se fala… Um avião cai, mata 300 pessoas e vira notícia no mundo todo, no mesmo dia, milhares e milhares morreram em acidentes de trânsito e, salvo que tenha sido alguém famoso ou muitos em um mesmo acidente, não é notícia.

A verdade é que o ser humano, na sua maioria, adora tragédias, desastres e o sofrimento alheio. Espero ter conseguido refletir sobre isso. Até podem ter outros motivos (fiquem a vontade nos comentários), mas penso que não são tão óbvios como os que discutimos nesse artigo.

Quando tomamos banho todo o dia buscamos retirar as impurezas do nosso corpo e trazer bem-estar. Faça isso com seu emocional também! Mas se sofrer pode fazer falta, ao invés de precisar de notícias para isso, torture-se com algum chicote ou deite-se em cama com pregos que o sofrimento é garantido!

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*http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/pelo-menos-cinco-criancas-morrem-de-fome-por-minuto-diz-ong

O TAO

“Assim que o toque da individuação entra no nascimento, o Ser e a Vida dividem-se em dois. Desde esse momento – se a maior tranquilidade não for atingida -, ser e vida não tornam a encontrar-se.”

LÜ DSU

Para quem já acompanha o blog, percebe que, de vez em quando, coloco uma estória ou metáfora das mais antigas Tradições com o objetivo de ampliar nossa percepção e trazer um entendimento que nos ajude a entender a nós e a natureza, que sempre é a mesma coisa.

Ao mergulhar na profundidade da estória desse artigo, poderá ficar mais claro sobre o que se fundamenta o Taoísmo que, assim como outras fontes, tem muito a nos ensinar. Ela é simples, mas de grande ensinamento:

Houve uma grande seca. Durante meses não caíra uma gota de chuva e a situação tornava-se catastrófica. Os católicos faziam procissões, os protestantes oravam e os chineses queimavam varetas de incenso e disparavam canhões para afugentar os demônios da seca. Finalmente, depois de tudo ser tentado, os chineses disseram: “Buscaremos o fazedor de chuvas”. E apareceu um velhinho magérrimo, vindo de outra província. A única coisa que pediu foi uma casa tranquila onde, depois de andar pela cidade e conversar com as pessoas se trancou durante três dias. No quarto dia, formaram-se nuvens e houve uma grande tempestade de neve, numa época do ano onde a neve era inesperada e em quantidade inusitada. A cidade começou a fervilhar de comentários e, depois dos agradecimentos e homenagens, o prefeito perguntou ao “fazedor de chuvas” como ele havia conseguido provocar tamanho feito. O velho e magro chinês respondeu: – Eu não fiz a neve, não sou o responsável! Então o prefeito perguntou: – Mas o que você fez durante esses três dias? Ao que o chinês respondeu:  – Ah, isso eu posso explicar. Venho de um país distante onde as coisas estão em ordem. Aqui, as coisas estão em desordem; não são como devem, de acordo com a disposição do céu. Por isso, todo o país não está no Tao, e eu também não estou inserido na ordem natural das coisas, porque me encontro num país em desordem. Tive então que esperar três dias, até estar novamente no Tao; então, naturalmente, a chuva caiu…

O taoísmo acompanha em seus fundamentos muito das demais filosofias milenares da China e a que mais gosto é a versão de R. Wilhelm que as estudou profundamente, tanto que fez a melhor leitura do I Ching para o ocidente. Essa obra também se tornou famosa pelos comentários introdutórios de Jung.

O pressuposto inicial dessas filosofias (algumas ganharam o status de religião), é  que tanto o Cosmo como o Homem obedecem as mesmas leis; sendo o Homem um cosmo em miniatura, não estando em separado do macrocosmo por obstáculos que não possam ser retirados por uma percepção e conduta adequadas. São regidos pelas mesmas leis com pontes que os ligam.

Portanto o homem participa por sua natureza de todo o acontecimento cósmico e está sendo afetado por ele interna e externamente. Por aí, imagino, que você já esteja entendo o que essa estória quer nos ensinar. A proposta é refletir sobre ela, oportunamente, escreveremos especificamente sobre o Taoísmo.

Nosso “fazedor de chuva”, ao andar pela cidade e conversar com os moradores entrou em sintonia com ela, com a desordem reinante que, nada mais era, que a desordem interna de seus habitantes. Imagino que você já tenha estado em algum lugar onde uma pessoa chega e consegue rapidamente “contaminar” o ambiente com sua baixa vibração, fazendo com que comecem a surgir discussões sem nenhum propósito e o clima do ambiente vai por água abaixo. De outro ponto é bem possível que você conheça uma versão dos trópicos do nosso herói chinês; aquela pessoa que ao chegar traz equilíbrio e bom senso onde reinava a falta de entendimento.

Nós somos, exteriormente, o resultado do nosso interior e o que nos cerca é resultado disso. Os países, cidades, empresas, etc., nada mais são do que a emanação da soma das mentes das pessoas que os compõe. O mundo que vivemos hoje está em nítida desordem e nem precisa procurar muito para perceber. Desde o clima, passando pela ecologia, desembocando na verdadeira epidemia de ansiedade que vivemos, com um número recorde de doenças autoimunes e números alarmantes de suicídios, está a nos mostrar que saímos do “ponto” de equilíbrio.

O Taoísmo nos mostra com clareza que precisamos nos “encontrar” e trazer o cosmos (ordem) ao caos (desordem) que estamos vivendo. Nossas emoções estão em completa confusão porque o Ego, que deveria ser nada mais do que um bom empregado, com seus medos e crenças condicionadas, assumiu o controle e as empresas individuais (que somos cada um de nós) estão indo a bancarrota porque o Ego não tem capacidade de gerenciar nossa vida.

O “fazedor de chuvas” encontrou a si mesmo em seu recolhimento, entendeu-se porque se sintonizou com se Self (eu superior) e, quando isso acontece, tudo funciona como deve funcionar, nem chuva demais, nem de menos! A saúde de uma pessoa mostra sua ordem interna e os sintomas e as doenças, sua desordem.

Continuamos buscando fora de nós, através da ânsia material o que só pode ser encontrado internamente, e nosso ego (eu) vai entrando em colapso, porque nada que possamos por ventura adquirir, poderá cumprir a função de fazer nosso Ser e a Vida voltarem a se unir como quando nascemos, como ensina o Mestre nas palavras de abertura. Desculpem, mas nunca vou me cansar de repetir isso!

 Essa divisão é natural, já que nossa busca é de encontrar essa reunificação e encontrarmos a “paz sob o céu” é a comunhão da minha vida com meu ser, vivendo quem realmente sou.

Por estarmos todos nesse caos interno, o mundo em que vivemos apenas espelha isso, afinal as leis são as mesmas!

“O Tao (sentido do mundo, Caminho), domina o homem, do mesmo modo que a natureza invisível e visível”. Essas palavras foram ditas há mais de 700 anos. O que ainda falta para percebermos isso ainda mais claramente?

No livro de Long Yen (sutra budista), encontramos o seguinte ensinamento: “Mediante a concentração dos pensamentos podemos voar, mediante a concentração dos apetites, caímos”. Penso ser fácil interpretar, já que a concentração nos pensamentos tem por finalidade diminuir o poder dos condicionamentos sobre minhas decisões, trazendo a clareza de se estar no domínio, facilitando a manifestação do Self, enquanto que os apetites representam os desejos exteriores que inocentemente imaginamos que vão nos trazer o Tao interior.

Quem sabe as pessoas poderão começar a se dar conta de que esse não é o Caminho e possamos dar um fim a esse mundo que vivemos atualmente, que realmente precisa acabar. Estamos vivendo uma seca de lucidez, de cuidado e de amorosidade.

Acredito que se algumas pessoas se colocarem em ordem, assim como a pedra jogada no lago cria ondas a partir do centro, possamos acabar com essa aridez e fazer mudança, do individual para o coletivo. Tudo começa sempre por você; faça “chover” encontrando seu Tao que é seu Caminho e o sentido de sua vida.

 Esse é um milagre possível!

O Ponto de Des-Conexão

“Nossas vidas são condicionadas pelo carma e são caracterizadas por sucessivos ciclos de problemas. Um problema começa, termina e logo tem início outro problema.” Dalai – Lama

Seríamos tão vulneráveis a ponto de sermos influenciados por boas e más “marés”, ou isso é mais uma das nossas intermináveis desculpas para nos eximirmos de nossas responsabilidades?

Não existiria nenhum sentido na vida, de estarmos experimentando uma existência se fossemos joguetes nas mãos do destino. A única lógica possível é de que somos responsáveis por tudo que nos acontece e a “sorte” ou “azar” fazem parte do nível de consciência que experimentamos. Dizem os psicanalistas que a grande parte de nossos atos é totalmente inconsciente de suas verdadeiras razões. É como se justificássemos nossas ações explicando que o motivo é como uma boia que flutua, enquanto a verdade é aquilo que prende essa boia no fundo do mar. Concordo plenamente com isso!

Enquanto não entendermos que a grande verdade é que tudo realmente só depende de nós, estaremos “vagando” pela vida ao sabor dos ventos. Se soprarem a nosso favor, tudo acontece de maneira tranquila, tudo dá certo, e a fase é chamada de “maré de sorte”. De outra parte, tem aqueles momentos em que nada dá certo, que nossos dias já iniciam tortos e já começamos a torcer para que ele chegue logo ao final. Não tem outro jeito a não ser torcermos para tudo dar certo?

Mas afinal, o que é carma? Segundo o Dalai-Lama “Carma é uma palavra sânscrita que significa ação. Designa uma força ativa, significando que o resultado dos acontecimentos futuros pode ser influenciado por nossas ações. Supor que o carma é uma espécie de energia independente que predestina o curso de toda a nossa vida é incorreto. Quem cria o carma? Nós mesmos!” Os sublinhados são meus.

Tudo que fazemos, pensamos, desejamos e, principalmente, nossas ações, sejam elas ativas ou reativas geram o que chamamos de destino, sorte ou azar. Achar que devemos apenas lamentar e dizer que algum acontecimento desagradável ou infortúnio é algo que devemos estar “merecendo” é não saber o que significa carma, mas uma auto piedade, uma lamúria sem sentido e resultado.

Evidente que existem acontecimentos, aparentemente sem nenhum sentido, mas mesmo eles que parecem não ter uma lógica é porque os estamos observando diante de uma pequena fresta que é o tempo presente, ou seja, não temos os dados que os antecedem e sucedem e que, com certeza, os dará o devido sentido e lógica. A categoria de “humano” nos cobra essa atitude pró-ativa diante dos acontecimentos e da liberdade de interpretar o que nos sucede de forma positiva. Isso, como todo o ato e pensamento, gera carma! Só que consciente. Quando a vida lhe oferece uma laranja, pode ter certeza que foi você que plantou a semente de laranjeira. O que normalmente acontece, é que estávamos tão inconscientes que não lembramos que plantamos essa semente (acontecimento) em determinado momento de nossa vida. Quando temos a lucidez de saber o que estamos fazendo, a surpresa ou acidente quase inexistem.

Se formos observar bem, todas as práticas e métodos ensinados pelas mais antigas Escolas da Tradição buscam apenas nos manter conscientes na maior parte do tempo. Isso e apenas isso, faz a diferença entre um animal e um Humano, mas é fruto de trabalho e perseverança. Como sempre friso, nenhum desenvolvimento é involuntário ou algum brinde da natureza. Não existe “almoço grátis”, em nenhum lugar, dimensão ou galáxia. Pode ter certeza disso!

Nossa tendência natural à inconsciência é que nos tira dos trilhos evolutivos e nossa vida nos mostra isso de várias formas, como as marés de azar ou algum sintoma que causa desconforto e dor no corpo que os exames clínicos demoram a detectar.

Nós aprendemos tudo baseados em erro. Todos nós aprendemos a caminhar pelos inúmeros tombos que levamos quando criança e isso vale para todas as etapas. Todo o sistema de aprendizagem leva em conta o erro porque isso é da nossa natureza. O que mais observo é quando as pessoas caem, o que é mais do que normal, ficam muito tempo no chão se lamentando e procurando respostas e explicações, ao invés de se erguerem em atitude positiva e seguirem adiante. Podemos até ao levantar e seguindo, errarmos o caminho, mas temos todas as chances de recomeçar se for o caso, mas em atitude de lamentação e caídos é mais do que certo que o rumo nunca será encontrado.

Nossa desconexão se dá por essa perda de percepção do que realmente queremos, quando ficamos prostrados diante dos obstáculos, aceitando passivamente a dificuldade, quando ela serve para dar o valor e o mérito a conquista que almejamos.

Se seu dia começa errado desde os primeiros minutos da manhã, simplesmente pare e tire um tempo para si. Feche seus olhos, respire conscientemente, retome o controle de si mesmo e não permita que só o final do dia ou da “fase” ponha termo a seu sofrimento. Coloque-se no lugar, ficando muito mais atento aos seus atos e reações, sendo pró-ativo e você verá que terminará seu dia sentindo-se muito bem por ter assumido o domínio de si mesmo e nada vai acontecer a não ser esse bem-estar.

As consequências do carma não precisam de outras vidas para aparecerem, algumas vezes o resultado de nossas ações vem em segundos, aliás sempre vem rápido demais. Nós é que não percebemos, afinal estamos desconectados da realidade, vagando nos pensamentos alucinados que nunca estão no presente e essa é a razão de não percebermos as sementes que plantamos a cada segundo.

Ninguém nasceu pré-determinado para sofrer ou ter sorte, isso é sempre resultado de ação e isso é carma. Certa vez ouvi o técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, que foi perguntado pelo repórter se tinha “sorte” pelos inúmeros títulos que havia ganhado. Ele respondeu que sua “sorte” vinha de muito trabalho. E isso é pura verdade, quem busca com atitude sempre colhe frutos. Essa é a metáfora da frase de que “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Não há necessidade de levantar cedo para ter sucesso, mas é o símbolo de ter atitude e perseverança.

Imagine que você está em um barco com os remos em suas mãos. Sabendo para onde vai, terá momentos de ventos favoráveis e irá sem tanto esforço. Quando os ventos mudam, precisará segurar os remos com mais força para se manter no caminho e com certeza chegará forte a seu destino escolhido. Mas se não assumir os remos e não tiver sua rota definida, vagará infinitamente pelo oceano. Como disse certa vez Roberto Crema; “nenhum vento é favorável para o marinheiro que não sabe para onde vai”.

Por fim, lembre-se que você só pode estar de duas formas: conectado ou desconectado. Se estiver conectado, tudo estará diante de sua possibilidade; seus atos, reações e pensamentos. Isso tornará seu carma algo que foi escolhido conscientemente, ou seja, não haverá sorte ou azar.

 Mas se você estiver desconectado, precisará mesmo de sorte, de bons ventos que o carreguem. Mas lembre de que os ventos sempre mudam de rumo e podem não estar indo para onde você gostaria, nunca estarão! E nem seria justo que você chegasse porque isso é mérito!

Se você está me lendo, certamente já passou da idade de ter alguém que não seja você mesmo remando o barco da sua vida, ou de esperar que chegue a algum bom lugar sem remar!

Máquina é o que sois!

“O homem é uma máquina. Todas as suas realizações, ações, palavras, pensamentos, sentimentos, convicções, opiniões e hábitos, são o resultado de influências externas, de impressões externas. Dentro de si mesmo um homem não pode extrair um simples pensamento, produzir uma única ação. Tudo que ele diz, faz, pensa e sente – tudo isso acontece… O homem nasce, vive, morre, constrói casas, escreve livros, não como ele quer que seja, mas como isso acontece. Tudo acontece. O homem não ama, odeia, deseja – tudo isso acontece.”

                                                                                    Gurdjieff

É mesmo difícil aceitar, de pronto, que esse pensamento de Gurdjieff possa ser verdadeiro. Nosso orgulho não ficaria muito à vontade, afinal, se isso for verdade, nunca saímos de nossa infância evolutiva. Gostamos de nos sentir adultos e “donos” de nossas circunstâncias. Além disso, essa afirmação nos coloca “à deriva” em relação à vida e tudo que nos cerca.

Quando se estuda um pouco da psicologia oriental fica muito mais fácil aceitar e entender esse conceito como correto. Particularmente, não tenho nenhuma dúvida de que seja verdadeiro e uma análise, mesmo que superficial, da maneira que vivemos, mostra que realmente estamos longe de possuirmos um estado de consciência lúcida e andamos mesmo pela vida movidos por estado de mecanicidade, onde vagamos entre nossos medos e culpas, em um estado de alucinação* constante.

Segundo essa teoria, o “Eu” que controla cada comportamento não é determinado por nenhuma escolha pessoal, mas por uma reação ao meio ambiente. Isso que dizer que nossas ações não vêm de nós, mas são provocadas em nós por conta de influências externas, ou seja, não temos um livre arbítrio. Somos uma verdadeira multidão de “eus” que entram e saem de cena de acordo com influências exteriores sem que tenhamos nenhum controle sobre isso. Nossas rotinas são a garantia dessa falta de percepção, já que se caracterizam justamente por ações repetitivas que, se por um lado, servem para nos dar segurança, por outro, nos mantêm completamente inconscientes de tudo que nos cerca, inclusive do tempo. Quanto mais rotineira for a vida de uma pessoa, mais ela não vê o tempo passar, é como se ela “dormisse” o tempo todo!  Eventualmente tem um rápido despertar e nota que já são tantas horas do dia ou que já estamos em determinada época do ano e volta a dormir novamente…

Para Freud esse mergulho em uma rotina nos impede de perceber a falta de sentido da existência e nos ajuda a não pensar que vamos morrer, que tudo vai acabar, etc. Porém, na verdade, essa tendência de aceitarmos passivamente esse “sono” é nosso obstáculo evolutivo em minha opinião, ou seja, vem do transitório que habitamos, pouco mais desenvolvido do que o dos animais, mas nossa essência, nosso potencial precisa para desabrochar e avançar sobre o animal para ganhar essa auto consciência que outros humanos  já atingiram, sendo, portanto, possível a todos. E o primeiro e decisivo passo é tomar ciência de que somos como máquinas, que “vagamos” pelo mundo, condicionados a pensar o que nos disseram para pensar e a fazer o que nos disseram para fazer. A cultura nos prende nesse cárcere quando nos ameaça com a reprovação e os comentários sobre quem se afasta. É como se a busca por um despertar ofendesse aqueles que não querem que lhes mostre que ainda estão inconscientes.

Para Gurdjieff, o impulso ou estímulo para trabalhar essa auto consciência só pode aparecer quando desaparece a ilusão de termos capacidades que na realidade não temos, mas que nos dizem que temos. Veja a coragem, por exemplo. Nossa tendência sempre negativa, voltada ao conhecido, nos impede de tomarmos decisões que sabemos necessárias ao nosso desenvolvimento, mas que nos encaminharão para um novo estado, desconhecido, portanto. Vamos adiando as mudanças esperando que coisas aconteçam e que facilitem minha transição, sem que tenhamos que assumir essa responsabilidade. Essa “coragem”, quando chega, é motivada por intenso e longo sofrimento, quase um grito desesperado. Se realmente fôssemos corajosos, já tínhamos feito essa mudança antes, já que sabíamos seus motivos e razões. Nossa natureza animal é movida pelo medo, sendo a coragem um desenvolvimento aberto para aqueles que se dispõem a evoluir e não é dada de graça, nada é de graça! Poderia falar de outros tantos “poderes” que pensamos que temos, mas na verdade só serão conseguidos por trabalho e esforço evolutivo. Só essa consciência de que somos incompletos, que não temos consciência, que só despertando poderemos nos desenvolver é que pode nos colocar no caminho de realmente vivenciarmos essas qualidades humanas. Se Gurdjieff estiver certo, toda a base da psicologia ocidental estará errada, já que sua matéria-prima seria uma pessoa que não se desenvolveu, que não se conhece, nada sabendo sobre seus potenciais evolutivos.

Nessa busca por sermos mais equilibrados temos essa necessidade da auto observação como ponto de partida. Só consciente de mim mesmo é que posso me opor a minha negatividade, as emoções nefastas nas quais nos viciamos desde sempre. Sem resistir a elas nenhuma possibilidade existe. Para resistir, estar lúcido, desperto e consciente é condição essencial.

A natureza nos acolhe nesse mundo como parte dele, apesar de não sermos dele. Assim, é fácil entender o porquê dessa tendência natural a “esquecer-se de si”, todos os animais não tem essa consciência, lutam apenas para evitarem a morte. Nunca esqueça que ter potencial não significa experienciar essa qualidade! Quando nascemos, somos formados iguais aos que nos criaram e isso nos faz cair em um estupor que é esse estado mecânico, e assim esquecemos nossa origem e nosso destino. Como dizem os Sufis: “Estamos nesse mundo, mas não somos desse mundo.” Não ser desse mundo de minerais, vegetais e animais é um potencial, que se não for trabalhado e desenvolvido nos torna, aí sim, desse mundo!

Essa teoria nos diz que temos uma essência e uma personalidade. A primeira é inata, que é realmente do indivíduo, nossa verdade essencial, já a personalidade é adquirida, são as “cracas” culturais, como diz Gurdjieff, são os elementos condicionantes oriundos do meio em que a pessoa vive. Ambas são necessárias para nosso desenvolvimento, já que sem a aquisição da personalidade não haverá o desejo de se atingir estágios de consciência mais elevados, não haverá insatisfação com a existência cotidiana, já a essência é a base do desenvolvimento. Um dos primeiros psicólogos que se dedicaram a essa evolução foi Abraham Maslow e ele definiu essa questão de forma mais clara quando disse: “A natureza mais elevada do homem repousa sobre a natureza mais baixa do homem, precisando dela como alicerce e ruindo sem esse alicerce”.

Pura verdade! Afinal sem esses limitadores que adquirimos como, em momentos de lucidez, nos tornaríamos insatisfeitos com nosso estado de sofrimento existencial, que sempre nos remetem conscientemente para a busca de desenvolvimento e inconscientemente para as crises e enfermidades que simbolizam o clamor da mudança?

Em seu último discurso, o personagem de Chaplin disse a famosa frase usada em muitos slogans “Não sois máquina, homem é que sois!”, claro que o contexto era outro, mas estamos muito mais para máquina do que para homens. É justamente por isso que idolatramos aqueles que fizeram sua caminhada e venceram seus enfrentamentos. Esses heróis que criamos são a projeção de qualidades nossas que não desenvolvemos, por isso admiramos.

Gurdjieff defendia que só “escolas” especiais tinham a condição de ajudar o homem a se desenvolver, desde que ele adquirisse essa insatisfação com seu estado atual e almejasse ser melhor do que é. De certa forma isso é verdade, já que todo o aprendizado precisa de um método e acompanhamento de quem já passou pelas fases anteriores. Ninguém que não saiba escrever pode ensinar outro a escrever.

Não espere que sua insatisfação possa ser resolvida por muito tempo com algo que se compre, que alguma pessoa que não seja você mesmo conseguirá encontrar o caminho do desenvolvimento pessoal ou que algum laboratório crie um remédio para lhe trazer a serenidade de enfrentar todo o caos que nos rodeia.

 Essa é sua jornada!

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*Entende-se por “alucinação” ser movido por pensamentos irreais entre passado (culpa) e futuro (medo ou ansiedade), em uma desconexão com a realidade que sempre é o que estamos vivendo a cada momento.

Para saber mais: O Trabalho de Gurdjieff – Kathleen Riordan Speeth. Ed. Cultrix

A BUSCA DO HEROÍSMO

“O instinto comum da humanidade pela realidade sempre achou que o mundo era, essencialmente, um palco para o heroísmo.”

Willian James

Nelson Mandela
Nelson Mandela

Diferente, ou nem tanto, dos animais que buscam sua supremacia sobre os demais membros, o ser humano necessita buscar se destacar pelo heroísmo, ou seja, vencer-se de alguma forma e com isso, metaforicamente, buscar sua eternidade.

Esse conceito de heroísmo tem sua raiz contemporânea na ideia de narcisismo de Freud que, resumidamente, defendia que estamos sempre e perdidamente absortos em nós mesmos, negando a evidência da morte, pensando que isso só acontecerá com os outros. Não tenho nenhuma dúvida que essa percepção faz parte de nossa natureza animal. O narcisismo, inevitavelmente ligado à autoestima, é o que nos dá segurança em nosso amor próprio.

Quando na primeira infância, até os cinco anos em média, antes da formação completa do ego, observe que a criança não tem nenhuma vergonha de clamar em voz alta o que mais precisa, sem as avaliações de se preocupar se o que ela está querendo é certo ou errado. Isso passa a acontecer posteriormente, onde encobriremos nossos desejos e egoísmo atrás de um “personagem” que buscará, além de se sobressair, o carinho e respeito dos demais.

É da nossa natureza buscar nos destacarmos, de sermos algo na criação, como diz com propriedade Ernest Becker*, dando como exemplo as disputas entre irmãos para terem as vantagens e mais atenção dos pais. Brigam no mínimo reclamando que o irmão ganhou mais ou foi privilegiado. É como se precisássemos desde o primeiro momento nos tornar melhores, especiais.

Na idade adulta, seguindo a receita pronta do paradigma vigente, buscamos através de conquistas materiais e acúmulo de valores, muito mais do que atingir uma “felicidade”, queremos demonstrar nosso heroísmo de ter “vencido” a grande maioria das pessoas sendo mais rica ou mais poderosa que elas. E esse é o conceito do grande herói; é mais capaz e tem mais poderes que os demais. Nunca esqueça que o homem é um bicho simbólico e a sociedade, por consequência, um sistema de ação regido por símbolos, uma estrutura de condições sociais e de papéis, de costumes e regras de comportamento, destinada a servir de veículo para o heroísmo dos seres terrestres, como afirma Becker.

Analisando esse aspecto, como fica fácil entendermos as “vocações” heroicas, as profissões que se destinam a salvar vidas, onde quem morre em serviço tem as honras dadas aqueles que entregam suas vidas pelo bem dos demais. É raro quem toma para si um ato de entregar a própria vida se, para ele, se isso não representar um heroísmo, um feito que resistirá ao tempo e será lembrado para sempre na boca dos homens. Isso é imortalidade! Isso é vencer a morte!

 Portanto, isso faz parte da natureza humana e é por isso que uma criança sempre dirá que será um bombeiro, policial, jogador de futebol ou médico “quando crescer”, ou seja, desejamos a admiração e o poder de “salvar” as pessoas! Observe, que desde tenra idade, o terror da morte, de sermos aniquilados para sempre já está enraizado em nossas profundezas. Isso nos empurra para, pelo menos, uma saída simbólica para minimizarmos nossa angústia essencial e nunca mais sermos esquecidos. Ainda não vi nenhuma criança dizendo que será administrador, economista, comerciante ou empresário.  Pena que Freud tenha chegado a essa conclusão no final de sua vida!

Essa busca de reconhecimento, chamado de “sucesso” é que move as pessoas a buscarem a qualquer custo ser admirado pelos outros, já que, de outro lado, a grande massa precisa de seus ídolos para, vivendo suas vidas nos filmes e novelas, encontrar algum sossego do seu sofrimento diário por terem abandonado suas próprias buscas heroicas e se entregarem a uma vida sem sentido, vagando no dia a dia rotineiro. Esse sobreviver do “vou indo” é uma migalha para essa maioria que, simbolicamente, já morreu. A saída é no sofrimento dos “vilões” justiçados pelos heróis perfeitos, no grito de “gol” onde nossos ídolos nos redimem e nos ajudam a esquecer por breves momentos que tudo que fazemos é, pela cultura cristã ocidental, esperarmos nosso juízo final e termos nossa “vida eterna” sem sobressaltos, garantida pelo nosso bom comportamento no rebanho terrestre. Não é por acaso que muitos dos heróis divinos como Osíris e Cristo, por exemplo, ressuscitaram dos mortos. Todas as religiões e algumas que se vestem como “filosofias” se dedicam, essencialmente, a como suportar o fim da vida sem heroísmo e do que acontecerá depois. Algumas delas nos prometendo novas oportunidades e outras dizendo que se a felicidade não for atingida, nosso sofrimento nos purificará. Em qualquer uma dessas escolhas podemos ficar acomodados, perceberam?

Quando o destaque não vem, quando o heroísmo não acontece, ainda assim tentamos sobreviver a nós mesmos escrevendo nosso nome, data de nascimento e morte em uma pedra com o objetivo de vencer o tempo e o esquecimento. Esquecemos que nossa natureza animal já se encarrega dessa sobrevivência simbólica nos genes que passamos a nossos filhos. Deve ser por isso que se olhe com alguma estranheza a pessoa que decide não ter filhos, e mesmo os que assim escolhem se sentem estranhos. Seria, simbolicamente não querer “continuar” nesse mundo?

Saindo do conceito simbólico em direção à vida prática, podemos cumprir nossa jornada heroica quando nos arriscamos em busca de evolução, de felicidade. Quando decidimos abandonar o que já não nos preenche em busca de nossa vocação, de vivermos quem somos, ouvindo nossa vontade, estamos nos tornando heróis! E isso sempre é muito difícil, já que nossa natureza primitiva adora a acomodação, o conhecido.

Justamente por isso, observo muitas pessoas esperarem anos para empreenderem sua “jornada”; fazem de um longo tempo de sofrimento o pagamento por abandonarem o conhecido, a opinião dos demais e rumarem evolutivamente para a emoção de se estar vivo!

Toda a pessoa que está feliz tem um ato de heroísmo pessoal para contar; seja o quanto se arriscou, do medo da mudança que superou ou do desespero de se sentir completamente só em sua ideia, como se fosse um louco (a).

Não há necessidade de ser reconhecido pela mídia, de se tornar famoso ou admirado. No fim, faz sentido a natureza humana nos empurrar para o comum, nos acomodar no medo de mudar e de buscarmos uma segurança doentia, afinal assim poderemos sobreviver mais tempo! Isso precisa ser assim para que possamos evoluir. A busca desse encontro consigo mesmo não é do bicho homem, mas de quem o habita, não é do imanente mas do transcendente!

Todo o herói que empreende sua jornada precisa de uma causa, algo que o faça vencer todos os perigos e retornar aos seus, ressuscitado pelo seu ato. Nelson Mandela, um dos heróis contemporâneos, disse certa vez que temos um medo natural de assumirmos nossa grandeza.

Tudo fará sentido se vencermos a nós mesmos, mas nunca se esqueça de que esse medo não é “seu”, mas do “bicho” onde sua consciência reside! Superar esse obstáculo é o que, por fim, nos tornará Humanos!

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* “A negação da morte” – Ernest Becker, ed. Record

Recomendo a leitura dos artigos anteriores “A dificuldade de mudar“, “Paradigmas“, “Os quatro pilares da realização“, “O Sentido da Vida“, “E agora?“, que ilustram e ampliam o tema desse artigo.

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