Amigos fiéis

Os animais são amigos muito agradáveis. Não fazem perguntas nem manifestam desaprovação.”

George Eliot

 

Cada vez mais, os animais têm sido utilizados com finalidade terapêutica, com ótimos resultados. Alguns (adestrados) participam em hospitais em um programa que tem demonstrado resultados muito eficientes.

De outra parte, segundo pesquisa recente, o mercado de acessórios e afins para animais ultrapassou no Brasil a marca de milhões anuais. Nos EUA, só para termos uma idéia, 63% das casas tem seus “mascotes”. Não há como negar que, cada vez mais, os animais têm ocupado um espaço cada vez maior na vida das pessoas.

A questão mais interessante é que esse espaço é ocupado para suprir carências afetivas profundas (na maioria dos casos), basta ver o estado de desconsolo quando alguém perde seu “companheiro bicho”.

Os animais de estimação sabidamente são capazes de trazer conforto, principalmente em momentos ou fases de solidão. Nessas horas, a troca de carinho e a atenção recebida do animal ajudam na liberação de hormônios importantes, atenuando o sofrimento. Além disso, os animais têm uma incrível capacidade, que está em desuso entre os humanos: perdoar! Por mais agressivo que possa ser o dono eventualmente com o animal, transferindo suas neuroses e frustrações, o “amigo” perdoa rapidamente e está novamente sempre disponível para uma brincadeira, dando plena atenção a seu dono. Isso sem contar que a maioria deles (cachorros, gatos, cavalos, coelhos e outros) são dotados de grande capacidade emotiva. Não é a toa que seus donos dizem que “só falta falar”. E ainda bem que não falam, já que eles podem nos ensinar que as atitudes valem muito mais que o discurso.

Penso que esse aumento do interesse pela convivência com animais de estimação esteja diretamente ligado ao isolamento a que estamos cada vez mais nos sujeitando pelo tipo de vida que levamos atualmente. Estamos em processo de solidão cada vez maior, mergulhando em nosso próprio mundo com nossos aparelhos cheios de recursos que dispensam a convivência, a troca de idéias e de interesse pelo outro.

É fácil de entender, já que os animais não nos frustram nem decepcionam. Podemos compartilhar com eles nossas angústias, segredos e desejos, sabendo que receberemos em troca um olhar de “eu te entendo”, sem julgamentos, críticas ou conselhos que, na maioria das vezes, não estamos dispostos a ouvir. Como não criar uma forte ligação emocional com um “amigo” assim?

Já está mais do que provado que a convivência com os bichos nos faz muito bem, com benefícios em uma gama imensa de doenças e dificuldades de toda a ordem. Mas sempre acho que nós, humanos, poderíamos fazer melhor que eles, afinal, temos mais recursos para isso, ou não temos?

Estamos doentes emocionalmente pela maneira que vivemos. Para isso é só buscar informações sobre a quantidade de antidepressivos e ansiolíticos vendidos atualmente no mundo todo.

Tudo a favor dos bichos! Mas onde vamos parar?

 


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