A Prática do RELAXAMENTO

 O relaxamento é a negativa perfeita da excitação nervosa. É a ausência de impulso neuro- muscular. Em termos mais simples, estar relaxado é o oposto fisiológico perfeito de estar excitado ou perturbado.

E.  Jacobson

O relaxamento é uma prática simples, gratuita, com uma série de benefícios físicos e uma infinidade de possibilidades. Mas, apesar de ser simples, é complexa, no seu sentido mais profundo. Sei que parece que estou sendo paradoxal, mas vou me explicar.

É uma prática simples na medida de seus requisitos básicos que são dois: um lugar confortável e a disposição de investir de dez a vinte minutos por dia. O que sempre me surpreende, é que muitas pessoas dizem que é difícil, porque não dispõem desse tempo. Nessa hora, preciso dizer que, se você não tem vinte minutos por dia para cuidar um mínimo de si mesmo, então realmente sua vida está fora dos trilhos.

Apesar de terem várias publicações sobre o tema, o que é bom, vou buscar resumir o procedimento com as informações necessárias para você começar, é claro, se tiver tempo…

Comece se recostando em uma poltrona, evitando deitar completamente. Quando deitamos, o relaxamento normalmente nos conduz ao sono. Isso é bom para quem tem dificuldade para dormir, mas a minha ideia é outra, de se atingir e manter conscientemente esse estado.

Existem cd’s a venda com uma voz guiando todo o processo. Isso pode ajudar no começo, mas depois vira uma bengala, além de ser bem possível, depois de um tempo, não aguentar mais aquela voz.

Então você se recosta e inicia por alguns segundos observando sua respiração. A respiração sempre acontece no “agora” por isso ela sempre será uma boa âncora, já que nossa mente tende sempre a vagar entre passado e futuro. Inclusive algumas técnicas de meditação (que tem semelhanças com relaxamento, mas não é a mesma coisa) usam essa atenção na respiração como uma das formas mais tradicionais. Será natural, nesse período de observação da respiração, que a mente consiga com facilidade levar você para “passear” em algum pensamento (sempre negativo). Quando perceber isso, simplesmente volte, sem brigas nem frustrações, afinal você não vai querer dominar quem te dominou a vida toda na primeira vez….

Passado um ou dois minutos é bem provável que você já esteja frustrado querendo desistir, afinal parecerá que a mente está agitada demais, tentando sabotar sua prática. Não é isso, o que estará acontecendo é que, talvez pela primeira vez, você esteja tomando uma consciência mais direta do estado natural de agitação da mente. Ela é sempre assim, só que até então, não havia essa clara percepção.

Caso tenha superado esse primeiro obstáculo, sugiro que faça três longas e profundas inspirações. Isso ajudará a acionar o processo de relaxamento do corpo e servirá como um condicionamento para facilitar as próximas vezes. É uma maneira de você avisar seu corpo toda vez que inspirar profundamente três vezes que o relaxamento está começando.

Aos poucos seu cérebro estará entrando em alfa que nada mais é do que uma velocidade mais lenta. A partir das inspirações, procure começar relaxando os pés, pernas, etc. Começar pela cabeça pode dar sono. Siga uma ordem natural, evitando, por exemplo, depois de relaxar os pés relaxar os braços. Isso atrapalha.

Pode ser que você gostaria de me perguntar: Como faço para relaxar as partes do corpo? É simples, apenas imagine que elas estão relaxadas. Como já escrevi algumas vezes, nosso corpo responde a tudo que imaginamos como real.

Será inevitável que a cada momento você se desconcentre do relaxamento e vá passear em algum pensamento, quando isso acontecer, como já disse, volte e prossiga de onde estava.

Depois de muitas idas e vindas, você chegará à parte final, relaxando o rosto e a cabeça. Nessa hora, você poderá sentir seu corpo muito pesado, como se estivesse realmente “grudado” no sofá. Isso é normal e apenas significa que o relaxamento foi atingido. A partir daí curta essa sensação de ter trazido paz a você mesmo. A luta contra a mente vai continuar, mas você voltará sempre que precisar, sem briga, sem stress. Aproveite, curta!

Essa prática traz vários benefícios e pode até acontecer para algumas pessoas: percepções novas, vivências, se transportarem pela imaginação (que está livre) para lugares, visualizar cores, etc. Fique tranquilo, nada de mal vai acontecer, simplesmente observe e descanse conscientemente, usando sempre a respiração como guia. Pode até mesmo, mentalmente, dizer: “inspirando…expirando”, como uma forma de manter-se consciente no embate com os pensamentos.

Eu precisaria de muitos artigos para dizer todos os benefícios dessa prática, mas resumidamente, à nível físico temos a prevenção dos estados de estresse, tensão muscular, diminuição dos níveis de ansiedade e fadiga mental dentre outros. Ela é, portanto, considerada um revigorante que atua beneficamente sobre a saúde física, mental e emocional.

Não se esqueça de deixar seu celular ou relógio programado para avisá-lo do final do tempo do relaxamento. Quando ouvir o sinal, simplesmente abra seus olhos e volte às suas atividades.

Por favor, lembre do seguinte: não há nada para acontecer, não há nada a atingir, não há nada que alcançar. Apenas relaxar, só isso!

Porém, um dia, pode acontecer, de você encontrar um ponto dentro de você, onde sua consciência passará a habitar que sempre estará em paz, independente do que estiver acontecendo do lado de fora. Lá existe uma eternidade, onde o medo e a dúvida não existem, já que isso faz parte do que “passa”. Somente nessa hora, que você não espera, já que se virar um objetivo não acontecerá, é que esse diálogo entre Krishna e Arjuna no épico Bhagavad – Gîtâ poderá ser realmente entendido na profundidade do seu ser:

“ …o que realmente existe não pode deixar de existir, da mesma forma que o não – existente não pode começar a existir. O limite entre um e outro é claramente percebido por aqueles que veem a verdade. Não nasce nem morre, nem tampouco tendo existido no passado pode deixar de existir. Inato, imortal, sem princípio nem fim não perece quando morre o corpo.”

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Rah Amado
12 anos atrás

Gostei do texto, Eduardo! Bastante didático e irônico na medida exata!

Esta semana escrevi meu primeiro relaxamento e agora peguei gosto pela coisa!

Gracias por dividir suas análises! 😀

Antonio Carlos Braga
Antonio Carlos Braga
12 anos atrás

Caro Eduardo é a segunda vez que recebo informação sua e estou muito satisfeito me serão muito úteis, gostei muito de ler sobre os paradigmas obrigado Braga

Henry
Henry
12 anos atrás

Belas orientações, Eduardo. Muito boas.

Com certeza, experiência própria, os benefícios são enormes para nossa saúde nesse mundo corrido e o mais legal é que “vicia”! É um vício positivo! Ainda mais quando torna-se um hábito!
Digo que é a minha “arma” para fugir de tudo e “me encontrar”…

Bem, aos que me perguntam eu digo: “Não basta querer! Além de tudo, tem que querer muito e querer sempre!” – parafraseando um Mestre.

Lembro-me que levei 7 meses tentando relaxar sozinho… mas tive a conquista, como prêmio, de melhorar meu auto conhecimento…
Valeu e vale a dedicação, porque sei que tou cuidando bem de alguém muito importante pra mim:… EU!

Stela
12 anos atrás

Olá Eduardo,

Estou adorando todos os seus textos.
Este sobre relaxamento está maravilhoso, direto e simples para que as pessoas possam se animar e relaxar… rsrs
Vou divulgar este texto em meu Blog, onde já coloquei o link do seu.
Grata e ótima semana!
Stela

trackback
11 anos atrás

[…] lido, recomento a leitura dos artigos: “A prisão que nunca existiu”, “Zen Budismo” e a “A prática do Relaxamento” como aprofundamento do presente […]

trackback
11 anos atrás

[…] já tendo escrito um artigo sobre o assunto, desta vez em vídeo ressalto a importância dessa prática e dicas para quem pretende começar. […]

Israel Luciano Pereira
Israel Luciano Pereira
11 anos atrás

Caro Eduardo, parabéns pelo texto. Muito ensinamento com palavras sábias.
Abs Israel

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