setembro 2013

O funcionamento da Máquina (2a parte)

“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória”.

José Saramago

memórias

Vamos continuar analisando algumas das experiências narradas por Leonard Mlodinow em seu livro “Subliminar”, dando sequência ao artigo anterior. Desta vez, vamos saber como que a ciência entende a “memória”, tendo como base os estudos do psicólogo alemão Hugo Münsterberg que datam do início do século XX.

“Em um dos casos estudados por Münsterberg, depois de uma palestra sobre criminologia em Berlin, um estudante lançou um desafio ao distinto palestrante, o professor Franz von Liszt (primo do compositor Franz Liszt). Outro estudante levantou-se para defender o professor e começou uma discussão. O primeiro estudante puxou uma arma. O outro engalfinhou-se com ele. Depois Von Liszt entrou na contenda. Em meio ao caos a arma disparou. A sala inteira virou um tumulto. Afinal Von Liszt gritou pedindo ordem no recinto, dizendo que era uma encenação e que os estudantes eram atores seguindo um roteiro.” Tudo era parte de um experimento que tinha o objetivo de verificar os poderes de observação e memória da plateia presente ao evento.

Depois a plateia foi dividida em quatro grupos; para um foi pedido que escrevessem de imediato o que tinham visto, para outros dois foi feita uma acareação e o outro grupo escreveu o que presenciou, só que mais tarde. O resultado foi que os testemunhos variavam de 26 a 80%, diferentes do que realmente ocorreu, sendo que foi atribuído aos atores atitudes que não tiveram, palavras nunca ditas e outras coisas que realmente aconteceram nem foram notadas.

A partir desse experimento que ganhou grande notoriedade na época, além de outros que foram feitos a partir desse, Münsterberg desenvolveu uma teoria que vem sendo comprovada pelos experimentos atuais. Ele acreditava que não conseguimos reter na memória todos os estímulos recebidos pelos nossos órgãos sensoriais (já citamos isso no artigo anterior), e que nossos erros de memória tem uma justificativa: nossa mente grava uma pequena parte (o ponto principal do evento) e todo o restante preenche com expectativas, nosso sistema de valores e em nossos conhecimentos prévios. Esse é o jeito de lidarmos com nossa capacidade limitada de armazenar dados.

Assim, hoje os pesquisadores que estudam a memória, dizem que ela  funciona da seguinte maneira: nos lembramos dos aspectos principais descartando os detalhes, depois criamos esses detalhes para voltar a ter a cena completa novamente. Estudos mostram que nossa capacidade de lembrar palavras ditas com precisão é de oito a dez segundos. Então, quando somos pressionados ou queremos lembrar, mesmo que tenhamos certeza(?) terminamos inventando esses detalhes e o pior de tudo: temos convicção que essa parte inventada é real! E, com o passar do tempo, conseguimos reter o significado principal, mas só lembramos com precisão da parte que “inventamos”.

Por isso já lhe dou uma sugestão: não jogue fora suas fotos e, se puder, invista na filmagem de eventos importantes e mesmo assim posso garantir de que depois de alguns dias, duas pessoas que estavam no mesmo lugar terão relatos diferentes desse acontecimento.

Mais adiante, outro estudioso chamado Frederic Bartlett se dedicou a estudar como o passar do tempo e as interações sociais entre as pessoas com diferentes recordações de eventos mudam a memória desses eventos. “Em uma de suas experiências leu uma história e pediu que os participantes lembrassem dela quinze minutos depois, e mais outras vezes em intervalos regulares, até após um período de semanas ou meses. Baseado na maneira como os sujeitos recontavam a história com o passar do tempo, pode constatar uma importante tendência na evolução da memória: não havia só memórias perdidas, havia também memórias acrescentadas. Ou seja, à medida que a leitura original da história esmaecia no passado (dias, semana ou meses), novos dados de memória eram produzidos, e essa produção seguia certos princípios gerais”. Assim como na experiência de Münsterberg, os sujeitos mantinham a ideia central, mas descartavam detalhes e acresciam outros, deixando a história mais curta e mais simples, dando um toque bem pessoal. Depois de anos de pesquisa Bartlett escreveu: “O processo de encaixar memórias é um processo ativo, depende do conhecimento prévio do sujeito e suas convicções a respeito do mundo…”. Quero só lembrar que as memórias que criamos, portanto falsas, não diferem em nada das baseadas na realidade.

Todos esses estudos podem nos ser muito úteis, afinal nossa memória é fator fundamental em muitas de nossas decisões, avaliações, relacionamentos, etc. Poderíamos buscar aprofundar esse estudo pensando da seguinte maneira; uma parte tem a ver de como nosso cérebro trabalha e isso esses estudos e tantos outros comprovam, mas, além disso, nós estamos sempre mudando, nos tornando pessoas novas por tudo que vamos vivendo e aprendendo. O que quero dizer é: as nossas memórias também mudam por que quem está lembrando-se de determinado evento já é uma “outra” pessoa, que pensa de forma diversa daquela que testemunhou determinada situação. Então, os detalhes que vamos acrescentando com o tempo tem a ver com nossas mudanças. Depois de algum tempo, quando lembramos de alguma coisa, o que é mesmo verdadeiro é uma pequena parte, e olhe lá!

Cada vez mais a ciência vai se encontrando com a sabedoria antiga, dos grandes Mestres que defendiam a ideia de que fora do “agora” tudo é a mais pura ilusão. Normalmente pensávamos que só o futuro poderia ser imaginado, afinal ainda não chegou, mas agora sabemos que também imaginamos o passado por duas vias distintas, a do mecanismo do cérebro e da mudança pessoal. É lícito pensarmos que mantermos conceitos e ideias antigas é quase uma sabotagem, afinal porque será mesmo que pensamos assim? Formamos uma série de conceitos sobre a vida, o que seja certo e errado baseados em experiências passadas (inventadas em grande parte) ou até pior; de outros! Completo absurdo!

Esses estudos mostram que nossa memória começa a distorcer o acontecido minutos depois. É como nossas expectativas e o que entendemos ou julgamos transforma o evento em uma mera interpretação. Quando, certa vez, Dalai Lama definiu o estado nirvânico como sendo “ver o que é real”, ou quando os místicos da consciência defendem que a realidade está acima da dualidade,  só podendo  ser percebida por um 3º olho, que está acima dos olhos físicos, podemos entender o que querem nos dizer.

Como diz o próprio autor, Leonard Mlodinow, “a disparidade entre o que vemos e o que registramos, e, portanto de que nos lembramos – mesmo num período de tempo muito curto -, pode ser drástica”.

No final, somos todos grandes escritores e poetas e nem nos percebemos disso. Toda a nossa história pessoal, como prova a ciência, nada mais é do que um quadro, onde uma pequena parte realmente aconteceu e todo o resto que está em torno, o que dá muitas vezes o sentido do acontecimento, vai sendo construído pela nossa imaginação ao longo do tempo.

 Em muitas técnicas terapêuticas, solicita-se que o cliente faça uma “ressignificação”, dar outro significado a seus eventos traumáticos e muitos dizem que isso é enganar-se. Será? O próprio evento traumático também é uma invenção de certa forma, qual o problema de inventar um novo roteiro, novos ângulos? Fazemos isso de qualquer jeito, só que tendemos a escolher detalhes mais sofridos, afinal como é bom ser vítima do passado! Minhas tragédias, que muitas vezes nem aconteceram do jeito que lembro hoje podem estar servindo como um belo e macio colchão onde acomodo minhas mudanças.

Estive pensando em uma frase para encerrar esse artigo e nenhuma fica tão bem quanto a que encerrou o anterior. Por isso vou usá-la novamente.

 Lembra qual foi?

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As partes em itálico são transcrições do livro. Para quem se interessa por estudos referentes ao comportamento e suas causas recomendo a leitura.

O funcionamento da Máquina (1a parte)

       “Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que nos não guia.”

Fernando Pessoa

Visual of Man's Brain

Livros, programas e trabalhos que relatam pesquisas e estudos sobre o comportamento humano me interessam muito. Sempre me fascinam os “porquês” de nossas atitudes, afinal sempre desconfiei que em sua maioria não fossem conscientes. Com o tempo, estudos e, principalmente, a observação pessoal no consultório fui confirmando essa ideia. Alguns poderão dizer que Freud de certa forma já teria dito isso, mas tenho certeza que nem ele imaginava o quanto somos levados por mecanismos automáticos.

Em seu livro Subliminar, o autor Leonard Mlodinow (editora Zahar) cita uma série de estudos feitos por especialistas em psicologia social que mostram como o inconsciente nos direciona o tempo todo. Vou citar aqui algumas dessas experiências e comentá-las dentro desse enfoque que sempre tratamos aqui no blog; de que só uma consciência ampliada pelo entendimento e prática pode nos tirar desse “sono” no qual vivemos toda a nossa vida. O Livro é rico em estudos para quem se interessar pelo tema.

Em um estudo os participantes receberam três tipos diferentes de detergentes. Foi pedido que experimentassem todos por algumas semanas e depois dissessem de qual tinham gostado mais e por quê. Uma das caixas era predominantemente amarela, outra azul e a terceira azul salpicada de amarelo. Depois do período de testes os usuários demonstraram terem preferido o detergente da embalagem de duas cores. Interessante é que as razões que deram para sua escolha não incluía a da cor da caixa. Na verdade a única diferença entre os três era justamente essa, o detergente era idêntico nas três embalagens.

Esse e outros testes demonstram que escolhemos muito em função da “embalagem”. E isso vale para tudo que compramos e,  inclusive, pessoas. Afinal o que você acharia se chegasse a um consultório médico e fosse atendido pelo especialista com a camisa de um time de futebol? Por isso, algumas profissões fazem do terno e gravata uma necessidade. A embalagem muda a ideia sobre as pessoas, assim como em outro experimento especialistas avaliaram melhor o balanço de uma empresa quando estava impresso em papel brilhante, enquanto outros que receberam o mesmo balanço, mas em papel simples, teceram comentários menos elogiosos.

Dentro desse mesmo conceito, uma loja de vinhos deixava em determinadas horas do dia uma música de fundo. Quando as músicas eram alemãs se vendiam muito mais vinhos alemães em comparação aos demais (cerca de 75%). Quando a música era francesa, os vinhos franceses vendiam mais (cerca de 73%). Na saída da loja, apenas um entre sete compradores disse que a música poderia ter influenciado sua compra, os outros nem perceberam que havia alguma música e de que tipo era ou negaram a influência na sua escolha.

Esse tipo de estudo nos permite ampliar nossa reflexão. Quantas vezes formamos um julgamento de alguém movido por circunstâncias tão aleatórias quantas essas? O quanto algum som, um tipo de papel e tantos outros fatores ambientais que provavelmente nem são percebidos a nível consciente pode fazer com que simpatizemos mais ou menos com alguém ou façamos um julgamento ou cheguemos a conclusão sobre determinada situação baseado em uma circunstância momentânea?

Nossa mente, por segurança, precisa firmar opiniões sobre tudo, inclusive alguém que estejamos vendo pela primeira vez. Quando somos apresentados a uma pessoa, nossa mente vasculha todos os seus arquivos em busca desse rosto. Como não encontrará nada, afinal estamos vendo essa pessoa pela primeira vez, o que determinará nossa simpatia ou antipatia pode ser o jeito de olhar, algum traço da fisionomia, tom de voz, sorriso, etc. Se essa semelhança estiver ligada a algo positivo em meu passado, nossa identificação com essa pessoa será positiva, caso contrário diremos que não rolou “química” ou que não fomos com a “cara” dela. Provavelmente porque algum detalhe lembrou aquele professor que você detestou na infância, mas isso nunca será consciente, porque se for, a própria consciência disso nos empurrara a desconsiderar o próprio julgamento, mas quase nunca isso acontece.

Portanto, precisamos de um grande esforço, de estarmos realmente conscientes e sabermos como funciona nossa mente para que evitemos esse tipo de julgamento tão precipitado. Ainda vigora em nós, o mesmo mecanismo da época das cavernas onde essa simpatia ou antipatia queria significar um perigo a nossa vida ou sermos mortos por algum inimigo desconhecido. Nunca se esqueça que nossa mente está ligada ao corpo físico e que portanto sua principal função é nos deixar atentos a qualquer coisa que possa nos levar a morte.

Já no final do século XVIII, o filósofo Immanuel Kant defendia a ideia que nós construímos uma imagem do mundo, sendo esse processo muito mais complexo do que simplesmente no que existe realmente, mas que criamos isso que chamamos de realidade por acrescentar ao que vemos outros fatores inerentes a nossa mente. Essa soma é o que é para cada um a sua realidade. Quem sabe Kant não tenha se inspirado no princípio oriental de que tudo é maya (ilusão), ou seja, ninguém vê o real, só mesmo aquele que transcende a sua mente e se desfaz dos véus da ilusão, que nada mais é que nossa parte animal que funciona independente da consciência.

Assim, consciente e inconsciente estão se intercambiando a todo o momento e é assim que nosso cérebro funciona. Em outras palavras, misturamos realidade com ficção e disso fazemos o que vemos e pensamos. O que a ciência hoje pode comprovar através não só de testes de comportamento como esses, mas nos exames de imagem, quando nosso cérebro é visto funcionando, é que o inconsciente tem um fator muito mais preponderante. A razão disso é que ele vem se desenvolvendo há milhões de anos, respondendo pela nossa segurança e, portanto, sobrevivência. Isso é mais rápido e automático em cada um de nós, já que mantém as chances de continuarmos a viver. Basta olhar os animais, que funcionam basicamente por instinto. Poderiam eles sobrevier sem o inconsciente? Os perigos a que estão expostos já vem impressos em seus genes e é por isso que em poucos dias já tem uma autonomia que nós humanos levamos alguns anos para atingir. É por isso que sempre é bom, como diz a sabedoria popular, contarmos até dez. Se contarmos devagar, bem devagar, poderá dar tempo de nos percebermos e sairmos um pouco do domínio do inconsciente e termos alguma lucidez sobre nossas ações e reações.

Segundo Mlodinow, a verdadeira quantidade de informação com que podemos lidar foi estimada em algo em torno de dezesseis a cinquenta bits por segundo. Portanto, se nossa mente consciente tentasse processar toda essa informação enviada pelo sistema sensorial, nosso cérebro travaria, como um computador sobrecarregado.

E  isso prova o que dissemos acima e que Kant já defendia. Grande parte do que cada um chama de realidade, é composto de uma parte real (captada pelos sentidos) bem reduzida, e uma outra grande parte é completada pela nosso inconsciente, ou seja, vemos um pouco e criamos todo resto para que nosso cérebro possa funcionar bem.

Para a medicina e a psicologia tradicional existe uma “realidade” e quem estiver fora dela é considerado doente. Pelo que a ciência está descobrindo a cada dia, ser normal nada mais é que imaginarmos todos muito parecidos essa realidade.

Assim, uma atitude bastante sábia é começar duvidando de si mesmo!

O Sétimo dia

      “ E Deus descansa e abençoa o sétimo dia…”

                                              Gênesis

“Tudo está fechado

Tudo está fechado

Domingo é sempre assim

E quem não está acostumado?

É dia de descanso

Nem precisava tanto

É dia de descanso

Programa Sílvio santos

E antes que eu confunda todo mundo

Antes que eu confunda o domingo

O domingo com a segunda

Domingo eu quero ver o domingo passar

Domingo eu quero ver o domingo acabar

Domingo eu quero ver o domingo passar

Domingo eu quero ver o domingo acabar

Até o próximo, até o próximo, até o próximo domingo

Até o próximo, até o próximo, até o próximo domingo”

Titãs – Domingo

triste

De todos os dias da semana, existe um que talvez seja aquele que, se nele acordássemos de um estado de coma de muitos anos, saberíamos identificar sem muitas dificuldades. O domingo se caracteriza por manter suas trilhas sonoras, cheiros e jeitos de se acordar, almoçar, jantar e rotinas até de pensamentos, imagino, desde tempos imemoriais, tamanha a dificuldade de nos libertarmos dessa verdadeira condenação.

Se Deus realmente criou o mundo e começou na segunda-feira, teria muita curiosidade de saber como ele se sentiu na tarde de seu dia de descanso.

Existe uma certa aura facilmente reconhecível e até já se fala de um termo que se não fosse sério, poderia ser uma maneira de expressá-lo chamado “depressão de domingo”. Parece que esse estado de tristeza e ansiedade tem até uma hora para começar, lá pelas 17 horas, quando o dia se encaminha para o entardecer e a sombra da segunda feira começa a atormentar com o pensamento do início de mais uma semana de trabalho, compromissos, e tudo que envolve essa maneira de encarar a vida como se fosse uma batalha feita de sacrifícios.

De alguma forma, poderemos comparar com o que acontece com muitas pessoas nos feriados de final de ano (se ainda não leu, sugiro a leitura do artigo “Depressão de natal”), claro que de forma mais reduzida, mas com grande semelhança no conteúdo emocional.

Mesmo para aqueles que fazem de seu dia de descanso algo prazeroso, o início da noite traz consigo uma melancolia que se pode quase respirar. A televisão mantém programas há décadas, com alguns personagens que parecem imortais, mantidos por uma audiência hipnotizada que entra em transe nos mesmos horários sempre que tocam as músicas de abertura, que, apesar de alguma variação nos arranjos, vez por outra, nos chamam para os pensamentos de sempre e soam como se fossem alarmes que nos despertam para uma sensação de cansaço do que só começará amanhã.

As crianças vão aprendendo com seus pais a se sentirem tristes e ansiosas quando os veem se preparando desde cedo para esse dia que parece tão importante que decreta o início da semana, sem entender o que acontece de tão especial. Tenho a impressão que nesses horários nos lembramos dos sonhos que não se realizaram, dos amores que se perderam e da vida que se escoa cada vez mais rapidamente. Metaforicamente ou não dormimos na segunda feira pela manhã, acordamos no sábado e tudo está passando tão depressa porque percebemos apenas dois dias dos sete de cada semana.

O domingo torna a segunda feira tão pesada que não deve ser mesmo fácil começar nesse dia aquele regime há tanto adiado, os exercícios físicos ou um novo enfoque nos estudos ou trabalho. Isso pode explicar as estatísticas que mostram a manhã de segunda feira com a maior incidência de infartos e suicídios.

E se mudássemos o nome dos dias, trocar o nome pode dar um novo sentido, por que não? Hoje a quinta feira, por exemplo, ganhou o status do dia preferido da semana, afinal trabalhar na sexta feira fica mais leve sabendo-se que depois vêm os dois dias de descanso para a maioria das pessoas. Na quinta, as pessoas saem à noite e se preparam pouco para sexta, afinal chegam tarde em casa da diversão. Só que isso não incomoda tanto quanto dormir tarde no domingo. Ali precisamos ver os melodramas dos programas do final de tarde e da noite, mas é claro que quando nosso time vence isso traz um certo consolo, mas quando perde…

Mergulhamos nas rotinas para não pensarmos em tudo que nos angustia, para fugirmos das dúvidas do futuro, afinal nossas desculpas para tudo que abandonamos, seja por medo ou falta de persistência, já não nos convencem mais.  As horas que antecedem mais uma semana, nos confrontam com uma espécie de realidade cinza e da nossa falibilidade. No domingo, a morte é uma certeza e se isso acontecer rapidamente deixaremos para trás muito do que daria sentido a vida que sonhávamos na época que éramos imortais.

Se você, caro leitor, é vítima dessa depressão de domingo, sugiro que tome medidas urgentes para mudar essa situação. Esperar que a televisão, por exemplo, tire esses programas do ar para que algo mude, pode esquecer!  Comece por agendar para esse dia atividades agradáveis, principalmente para à tardinha e a noite. Que diferença faz se amanhã é segunda feira ou sexta? Se tiver que trabalhar igual no outro dia, quebre esse paradigma e corte mais isso da sua lista de sofrimentos. Alguns podem argumentar que o fato de estarem sós agrava o problema. Afirmo que não, já que posso dizer que é um condicionamento coletivo que atinge os solitários e os acompanhados, afinal temos os momentos que não podemos fugir de nós mesmos e o domingo para isso chega ser perfeito.

Porque não um bom cinema no domingo à noite? Aquela pizza com os amigos, ou mesmo a caminhada que se faz durante a semana a noite, pode transformar o limão em limonada. Só de saber que terá algo que goste para fazer no final do dia, isso já trará certa leveza para o dia todo.

Vá almoçar na casa da sua sogra no sábado, pelo menos vez por outra, e quebre essa rotina que mais parece um encantamento da bruxa má. Lembre que  atitudes novas, resultados novos!

Conta a lenda que  Jesus ressuscitou em um domingo, faça isso com você também!

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