dezembro 2012

A numerologia para 2013

Abaixo está um vídeo de uma entrevista sobre o assunto que irá ao ar em Santa Catarina, nesse domingo dia 30, para aqueles que se interessarem,mais abaixo segue uma abordagem um pouco mais ampla. Adiante, para quem quiser, a maneira de calcular seu ano pessoal.

[youtube]http://youtu.be/vap0IhN7Jvc[/youtube]

 

2013 será um ano “6”, já que a soma dos algarismos (2+0+1+3) nos leva até esse número de um rico simbolismo. Depois de passarmos pela etapa de aprendizado, autoconhecimento e de uso responsável da liberdade simbolizado pelo cinco, o seis nos prepara para o grande enfrentamento de nós mesmos que ocorrerá no sete, o número do autodomínio e onde a força de vontade se cristaliza.

Quando se fala de seis, estamos falando de casa, família, arte, beleza e pensamento abstrato. O seis representa a elegância e o gênero artístico em perfeita harmonia, seja nos ambientes ou em nossa relação interior. Por representar duas vezes o três (número da criatividade), o seis é o potencial criativo multiplicado não só nas artes, mas nas ciências em geral.

Simbolizado desde de tempos imemoriais  pela estrela de seis pontas chamada de “selo de salomão” ou “estrela de David”, já era também conhecida na mitologia hindu muito tempo antes. Esses dois triângulos entrelaçados, como mostra a figura, representam o equilíbrio entre o macrocosmo e o microcosmo, entre o transcendente e o imanente ou entre o Criador e a criatura.

 

Pelos triângulos estarem em oposição, um apontando para cima outro para baixo, também nos fala do antagonismo e da dúvida, da escolha do caminho a seguir.

Portanto, 2013 será um ano de tomarmos decisões importantes em qualquer aspecto da vida. O seis nos ensina que toda a decisão é boa, desde que assumida integralmente. É sempre importante iniciarmos uma nova caminhada sem olharmos para trás. Decidir também é abrir mão de uma das possibilidades e isso é livre-arbítrio. Para quem gosta e pratica qualquer tipo de arte, 2013 trará bons ventos a favor, inclusive da reforma da casa, da decoração ou mesmo do próprio corpo, quando a meta é uma harmonia entre corpo e espírito, ou seja, a saúde integral.

Mas para a numerologia, é sempre importante lembrar, cada um de nós tem seu número a cada ano, que começa no dia do nosso aniversário e se encerra no aniversário seguinte. Assim, caso queira calcular seu ano pessoal, segue uma fórmula fácil. Depois de chegar a seu número para 2013, veja abaixo o que será mais propício nesse ano que se inicia.

Some os algarismo de seu dia e mês de nascimento e depois o ano, como no exemplo abaixo:

Por exemplo, para quem faz aniversário em 23 de julho (mês 7):

2+3+0+7+2+0+1+3 = 18 (1+8)= 9 essa pessoa terá um ano 9 que se iniciará em 23/07/2013 e se encerrará em 23/07/2014

Caso a soma resulte em um número maior que 9 (como no caso do exemplo acima em que a soma resultou em 18), some os algarismos para reduzi-lo a um só número.

Vela a tabela abaixo:

 ANO PESSOAL 1

É sempre um ano de muita ação, adequado para plantar semente que germinarão no futuro. É um ótimo período para experimentar novas atitudes. É hora de coragem e ambição, de confiar na própria capacidade e tomar iniciativas. Excelente para novas ideias e tudo que seja inédito. Para quem pensa em ser seu próprio chefe, o ano 1 é o ideal. Também útil para desenvolver a tolerância e o respeito para com o modo de cada pessoa ser. Quem estiver passando por um ano 1, deve cuidar para que seu ego não atrapalhe seu projetos.

ANO PESSOAL 2

É um período de espera e paciência, sem grandes mudanças no plano material. Caso tenha que recuar para avançar depois, não se preocupe, já que a oscilação faz parte da essência do dois. Ótimo para trabalho em equipe e projetos que envolvam muitas pessoas.

Ótima hora para formar parcerias, resolver conflitos pendentes, reatar amizades esquecidas etc. Para as mulheres, principalmente, a intuição deve ser obedecida pois estará muito favorecida.

ANO PESSOAL 3

É um ano para comunicação e criatividade, e, principalmente, estar entre pessoas. As árvores plantadas há dois anos atrás, já começam a dar frutos, podendo ser ótimo para o aspecto financeiro. É um período de expansão e atividade.

Hora favorável para os amigos, para o trabalho criativo e desenvolver novos contatos e ampliar relacionamentos, pessoais e profissionais.

ANO PESSOAL 4

Por tratar-se de um período de trabalho duro, pode dar a sensação de frustração e limitação. É hora de ter paciência, já que o sucesso vem lentamente. O quatro representa tudo que é sólido, de longo prazo e que tem a confiança como alicerce. É um ano de organização e planejamento. Tudo parece ser mais devagar em ano quatro, mas ali se firmam bases sólidas que florescerão no oito.

Ótimo período para construir sólidas fundações para o futuro, fortalecendo as relações profissionais. Não é hora para trocar de emprego ou de casa, já que o 4 representa estabilidade, portanto, mudanças, só as inevitáveis.

Manter atenção à saúde do corpo, trabalho e relacionamentos. Por o quatro ser um número cíclico, todo o cuidado é pouco…

ANO PESSOAL 5

É um ano de mudanças. É bom estar pronto para os imprevistos. Ótimo para o crescimento pessoal e alargamento de horizontes.

Agora sim, novo trabalho e nova casa vão bem, aproveite e abandone antigas rotinas que já não trazem nenhum crescimento. O cinco favorece toda e qualquer mudança e, principalmente viagens e aventuras.

ANO PESSOAL 6

É um ano para a família, comunidade, arte e busca de equilíbrio. Também propício para assumir novas responsabilidades. Cuidar da saúde, da beleza e da casa. Hora de decidir e assumir projetos importantes.

Ótimo para pensar em relações amorosas duradouras, reformas e sucesso profissional.

ANO PESSOAL 7

É hora de dar um tempo, e investir na evolução espiritual. Bom momento para um balanço e rever atitudes em todos os campos para o futuro. Não forçar nada que provoque mudanças muito radicais., já que o sete também é um encerramento de ciclo. Muita atenção a saúde e ótimo para cursos e novos aprendizados, principalmente nas áreas de religião e filosofia. É um ano para investir em auto conhecimento!

ANO PESSOAL 8

Esse é um ano de resultado, de se colher o que foi plantado anteriormente. A princípio é um bom período para o progresso material, portanto, importante manter a organização e o equilíbrio físico e mental.

Importante manter o equilibrio entre corpo e mente. Como será um ano de resultado, não exagere no trabalho e “tempere” com divertimento a vida. Invista em meditação e relaxamento para não perder a calma e correr o risco de jogar tudo fora. Cuide da ansiedade!!

ANO PESSOAL 9

É o ano do fechamento do ciclo. É quando tudo se encaixa e encontramos respostas.

É um período propício a estarmos mais fragilizados, para que tudo recomeçe com o vigor do um no próximo ano. Se for possível, corte os laços que o mantém preso ao passado para poder renascer, assim como podamos uma planta.

Finalize tudo que está em andamento, mas não comece nada, já que o período não favorece. É hora de silêncio, de participar de retiros e de curtir aquela solidão saudável!

Pensar mais nos outros, ser mais solidário e, se puder, comece um trabalho voluntário.

Final de Ano

Amigos, como o mundo não acabou, chegamos a época de férias e voltaremos com novos artigos em Janeiro de 2013. Enquanto descansamos, vou postando alguns vídeos que acho interessantes. Começo com um que, como vocês poderão ver, é bem antigo. Napoleon Hill nem é o “pai” do Segredo que virou hit recentemente, mas “avô”! Muito do que ele falou há muito tempo virou sucesso recentemente, isso porque ele estava bem a frente de seu tempo e hoje estamos mais aptos a entende-lo. Essa é a primeira parte e tem quase uma hora e se gostar, é só assistir a segunda no www.inconscientecoletivo.net, onde aliás tem muita coisa legal pra assistir e ler! Funciona mesmo, é só praticar e ter a ousadia que falamos no artigo “os quatro pilares da realização“!

Descansem apenas do que cansa, continuando a fazer o que nos faz bem!!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=qMNRFpfYdZY[/youtube]

O Ponto de Des-Conexão

“Nossas vidas são condicionadas pelo carma e são caracterizadas por sucessivos ciclos de problemas. Um problema começa, termina e logo tem início outro problema.” Dalai – Lama

Seríamos tão vulneráveis a ponto de sermos influenciados por boas e más “marés”, ou isso é mais uma das nossas intermináveis desculpas para nos eximirmos de nossas responsabilidades?

Não existiria nenhum sentido na vida, de estarmos experimentando uma existência se fossemos joguetes nas mãos do destino. A única lógica possível é de que somos responsáveis por tudo que nos acontece e a “sorte” ou “azar” fazem parte do nível de consciência que experimentamos. Dizem os psicanalistas que a grande parte de nossos atos é totalmente inconsciente de suas verdadeiras razões. É como se justificássemos nossas ações explicando que o motivo é como uma boia que flutua, enquanto a verdade é aquilo que prende essa boia no fundo do mar. Concordo plenamente com isso!

Enquanto não entendermos que a grande verdade é que tudo realmente só depende de nós, estaremos “vagando” pela vida ao sabor dos ventos. Se soprarem a nosso favor, tudo acontece de maneira tranquila, tudo dá certo, e a fase é chamada de “maré de sorte”. De outra parte, tem aqueles momentos em que nada dá certo, que nossos dias já iniciam tortos e já começamos a torcer para que ele chegue logo ao final. Não tem outro jeito a não ser torcermos para tudo dar certo?

Mas afinal, o que é carma? Segundo o Dalai-Lama “Carma é uma palavra sânscrita que significa ação. Designa uma força ativa, significando que o resultado dos acontecimentos futuros pode ser influenciado por nossas ações. Supor que o carma é uma espécie de energia independente que predestina o curso de toda a nossa vida é incorreto. Quem cria o carma? Nós mesmos!” Os sublinhados são meus.

Tudo que fazemos, pensamos, desejamos e, principalmente, nossas ações, sejam elas ativas ou reativas geram o que chamamos de destino, sorte ou azar. Achar que devemos apenas lamentar e dizer que algum acontecimento desagradável ou infortúnio é algo que devemos estar “merecendo” é não saber o que significa carma, mas uma auto piedade, uma lamúria sem sentido e resultado.

Evidente que existem acontecimentos, aparentemente sem nenhum sentido, mas mesmo eles que parecem não ter uma lógica é porque os estamos observando diante de uma pequena fresta que é o tempo presente, ou seja, não temos os dados que os antecedem e sucedem e que, com certeza, os dará o devido sentido e lógica. A categoria de “humano” nos cobra essa atitude pró-ativa diante dos acontecimentos e da liberdade de interpretar o que nos sucede de forma positiva. Isso, como todo o ato e pensamento, gera carma! Só que consciente. Quando a vida lhe oferece uma laranja, pode ter certeza que foi você que plantou a semente de laranjeira. O que normalmente acontece, é que estávamos tão inconscientes que não lembramos que plantamos essa semente (acontecimento) em determinado momento de nossa vida. Quando temos a lucidez de saber o que estamos fazendo, a surpresa ou acidente quase inexistem.

Se formos observar bem, todas as práticas e métodos ensinados pelas mais antigas Escolas da Tradição buscam apenas nos manter conscientes na maior parte do tempo. Isso e apenas isso, faz a diferença entre um animal e um Humano, mas é fruto de trabalho e perseverança. Como sempre friso, nenhum desenvolvimento é involuntário ou algum brinde da natureza. Não existe “almoço grátis”, em nenhum lugar, dimensão ou galáxia. Pode ter certeza disso!

Nossa tendência natural à inconsciência é que nos tira dos trilhos evolutivos e nossa vida nos mostra isso de várias formas, como as marés de azar ou algum sintoma que causa desconforto e dor no corpo que os exames clínicos demoram a detectar.

Nós aprendemos tudo baseados em erro. Todos nós aprendemos a caminhar pelos inúmeros tombos que levamos quando criança e isso vale para todas as etapas. Todo o sistema de aprendizagem leva em conta o erro porque isso é da nossa natureza. O que mais observo é quando as pessoas caem, o que é mais do que normal, ficam muito tempo no chão se lamentando e procurando respostas e explicações, ao invés de se erguerem em atitude positiva e seguirem adiante. Podemos até ao levantar e seguindo, errarmos o caminho, mas temos todas as chances de recomeçar se for o caso, mas em atitude de lamentação e caídos é mais do que certo que o rumo nunca será encontrado.

Nossa desconexão se dá por essa perda de percepção do que realmente queremos, quando ficamos prostrados diante dos obstáculos, aceitando passivamente a dificuldade, quando ela serve para dar o valor e o mérito a conquista que almejamos.

Se seu dia começa errado desde os primeiros minutos da manhã, simplesmente pare e tire um tempo para si. Feche seus olhos, respire conscientemente, retome o controle de si mesmo e não permita que só o final do dia ou da “fase” ponha termo a seu sofrimento. Coloque-se no lugar, ficando muito mais atento aos seus atos e reações, sendo pró-ativo e você verá que terminará seu dia sentindo-se muito bem por ter assumido o domínio de si mesmo e nada vai acontecer a não ser esse bem-estar.

As consequências do carma não precisam de outras vidas para aparecerem, algumas vezes o resultado de nossas ações vem em segundos, aliás sempre vem rápido demais. Nós é que não percebemos, afinal estamos desconectados da realidade, vagando nos pensamentos alucinados que nunca estão no presente e essa é a razão de não percebermos as sementes que plantamos a cada segundo.

Ninguém nasceu pré-determinado para sofrer ou ter sorte, isso é sempre resultado de ação e isso é carma. Certa vez ouvi o técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, que foi perguntado pelo repórter se tinha “sorte” pelos inúmeros títulos que havia ganhado. Ele respondeu que sua “sorte” vinha de muito trabalho. E isso é pura verdade, quem busca com atitude sempre colhe frutos. Essa é a metáfora da frase de que “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Não há necessidade de levantar cedo para ter sucesso, mas é o símbolo de ter atitude e perseverança.

Imagine que você está em um barco com os remos em suas mãos. Sabendo para onde vai, terá momentos de ventos favoráveis e irá sem tanto esforço. Quando os ventos mudam, precisará segurar os remos com mais força para se manter no caminho e com certeza chegará forte a seu destino escolhido. Mas se não assumir os remos e não tiver sua rota definida, vagará infinitamente pelo oceano. Como disse certa vez Roberto Crema; “nenhum vento é favorável para o marinheiro que não sabe para onde vai”.

Por fim, lembre-se que você só pode estar de duas formas: conectado ou desconectado. Se estiver conectado, tudo estará diante de sua possibilidade; seus atos, reações e pensamentos. Isso tornará seu carma algo que foi escolhido conscientemente, ou seja, não haverá sorte ou azar.

 Mas se você estiver desconectado, precisará mesmo de sorte, de bons ventos que o carreguem. Mas lembre de que os ventos sempre mudam de rumo e podem não estar indo para onde você gostaria, nunca estarão! E nem seria justo que você chegasse porque isso é mérito!

Se você está me lendo, certamente já passou da idade de ter alguém que não seja você mesmo remando o barco da sua vida, ou de esperar que chegue a algum bom lugar sem remar!

Máquina é o que sois!

“O homem é uma máquina. Todas as suas realizações, ações, palavras, pensamentos, sentimentos, convicções, opiniões e hábitos, são o resultado de influências externas, de impressões externas. Dentro de si mesmo um homem não pode extrair um simples pensamento, produzir uma única ação. Tudo que ele diz, faz, pensa e sente – tudo isso acontece… O homem nasce, vive, morre, constrói casas, escreve livros, não como ele quer que seja, mas como isso acontece. Tudo acontece. O homem não ama, odeia, deseja – tudo isso acontece.”

                                                                                    Gurdjieff

É mesmo difícil aceitar, de pronto, que esse pensamento de Gurdjieff possa ser verdadeiro. Nosso orgulho não ficaria muito à vontade, afinal, se isso for verdade, nunca saímos de nossa infância evolutiva. Gostamos de nos sentir adultos e “donos” de nossas circunstâncias. Além disso, essa afirmação nos coloca “à deriva” em relação à vida e tudo que nos cerca.

Quando se estuda um pouco da psicologia oriental fica muito mais fácil aceitar e entender esse conceito como correto. Particularmente, não tenho nenhuma dúvida de que seja verdadeiro e uma análise, mesmo que superficial, da maneira que vivemos, mostra que realmente estamos longe de possuirmos um estado de consciência lúcida e andamos mesmo pela vida movidos por estado de mecanicidade, onde vagamos entre nossos medos e culpas, em um estado de alucinação* constante.

Segundo essa teoria, o “Eu” que controla cada comportamento não é determinado por nenhuma escolha pessoal, mas por uma reação ao meio ambiente. Isso que dizer que nossas ações não vêm de nós, mas são provocadas em nós por conta de influências externas, ou seja, não temos um livre arbítrio. Somos uma verdadeira multidão de “eus” que entram e saem de cena de acordo com influências exteriores sem que tenhamos nenhum controle sobre isso. Nossas rotinas são a garantia dessa falta de percepção, já que se caracterizam justamente por ações repetitivas que, se por um lado, servem para nos dar segurança, por outro, nos mantêm completamente inconscientes de tudo que nos cerca, inclusive do tempo. Quanto mais rotineira for a vida de uma pessoa, mais ela não vê o tempo passar, é como se ela “dormisse” o tempo todo!  Eventualmente tem um rápido despertar e nota que já são tantas horas do dia ou que já estamos em determinada época do ano e volta a dormir novamente…

Para Freud esse mergulho em uma rotina nos impede de perceber a falta de sentido da existência e nos ajuda a não pensar que vamos morrer, que tudo vai acabar, etc. Porém, na verdade, essa tendência de aceitarmos passivamente esse “sono” é nosso obstáculo evolutivo em minha opinião, ou seja, vem do transitório que habitamos, pouco mais desenvolvido do que o dos animais, mas nossa essência, nosso potencial precisa para desabrochar e avançar sobre o animal para ganhar essa auto consciência que outros humanos  já atingiram, sendo, portanto, possível a todos. E o primeiro e decisivo passo é tomar ciência de que somos como máquinas, que “vagamos” pelo mundo, condicionados a pensar o que nos disseram para pensar e a fazer o que nos disseram para fazer. A cultura nos prende nesse cárcere quando nos ameaça com a reprovação e os comentários sobre quem se afasta. É como se a busca por um despertar ofendesse aqueles que não querem que lhes mostre que ainda estão inconscientes.

Para Gurdjieff, o impulso ou estímulo para trabalhar essa auto consciência só pode aparecer quando desaparece a ilusão de termos capacidades que na realidade não temos, mas que nos dizem que temos. Veja a coragem, por exemplo. Nossa tendência sempre negativa, voltada ao conhecido, nos impede de tomarmos decisões que sabemos necessárias ao nosso desenvolvimento, mas que nos encaminharão para um novo estado, desconhecido, portanto. Vamos adiando as mudanças esperando que coisas aconteçam e que facilitem minha transição, sem que tenhamos que assumir essa responsabilidade. Essa “coragem”, quando chega, é motivada por intenso e longo sofrimento, quase um grito desesperado. Se realmente fôssemos corajosos, já tínhamos feito essa mudança antes, já que sabíamos seus motivos e razões. Nossa natureza animal é movida pelo medo, sendo a coragem um desenvolvimento aberto para aqueles que se dispõem a evoluir e não é dada de graça, nada é de graça! Poderia falar de outros tantos “poderes” que pensamos que temos, mas na verdade só serão conseguidos por trabalho e esforço evolutivo. Só essa consciência de que somos incompletos, que não temos consciência, que só despertando poderemos nos desenvolver é que pode nos colocar no caminho de realmente vivenciarmos essas qualidades humanas. Se Gurdjieff estiver certo, toda a base da psicologia ocidental estará errada, já que sua matéria-prima seria uma pessoa que não se desenvolveu, que não se conhece, nada sabendo sobre seus potenciais evolutivos.

Nessa busca por sermos mais equilibrados temos essa necessidade da auto observação como ponto de partida. Só consciente de mim mesmo é que posso me opor a minha negatividade, as emoções nefastas nas quais nos viciamos desde sempre. Sem resistir a elas nenhuma possibilidade existe. Para resistir, estar lúcido, desperto e consciente é condição essencial.

A natureza nos acolhe nesse mundo como parte dele, apesar de não sermos dele. Assim, é fácil entender o porquê dessa tendência natural a “esquecer-se de si”, todos os animais não tem essa consciência, lutam apenas para evitarem a morte. Nunca esqueça que ter potencial não significa experienciar essa qualidade! Quando nascemos, somos formados iguais aos que nos criaram e isso nos faz cair em um estupor que é esse estado mecânico, e assim esquecemos nossa origem e nosso destino. Como dizem os Sufis: “Estamos nesse mundo, mas não somos desse mundo.” Não ser desse mundo de minerais, vegetais e animais é um potencial, que se não for trabalhado e desenvolvido nos torna, aí sim, desse mundo!

Essa teoria nos diz que temos uma essência e uma personalidade. A primeira é inata, que é realmente do indivíduo, nossa verdade essencial, já a personalidade é adquirida, são as “cracas” culturais, como diz Gurdjieff, são os elementos condicionantes oriundos do meio em que a pessoa vive. Ambas são necessárias para nosso desenvolvimento, já que sem a aquisição da personalidade não haverá o desejo de se atingir estágios de consciência mais elevados, não haverá insatisfação com a existência cotidiana, já a essência é a base do desenvolvimento. Um dos primeiros psicólogos que se dedicaram a essa evolução foi Abraham Maslow e ele definiu essa questão de forma mais clara quando disse: “A natureza mais elevada do homem repousa sobre a natureza mais baixa do homem, precisando dela como alicerce e ruindo sem esse alicerce”.

Pura verdade! Afinal sem esses limitadores que adquirimos como, em momentos de lucidez, nos tornaríamos insatisfeitos com nosso estado de sofrimento existencial, que sempre nos remetem conscientemente para a busca de desenvolvimento e inconscientemente para as crises e enfermidades que simbolizam o clamor da mudança?

Em seu último discurso, o personagem de Chaplin disse a famosa frase usada em muitos slogans “Não sois máquina, homem é que sois!”, claro que o contexto era outro, mas estamos muito mais para máquina do que para homens. É justamente por isso que idolatramos aqueles que fizeram sua caminhada e venceram seus enfrentamentos. Esses heróis que criamos são a projeção de qualidades nossas que não desenvolvemos, por isso admiramos.

Gurdjieff defendia que só “escolas” especiais tinham a condição de ajudar o homem a se desenvolver, desde que ele adquirisse essa insatisfação com seu estado atual e almejasse ser melhor do que é. De certa forma isso é verdade, já que todo o aprendizado precisa de um método e acompanhamento de quem já passou pelas fases anteriores. Ninguém que não saiba escrever pode ensinar outro a escrever.

Não espere que sua insatisfação possa ser resolvida por muito tempo com algo que se compre, que alguma pessoa que não seja você mesmo conseguirá encontrar o caminho do desenvolvimento pessoal ou que algum laboratório crie um remédio para lhe trazer a serenidade de enfrentar todo o caos que nos rodeia.

 Essa é sua jornada!

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*Entende-se por “alucinação” ser movido por pensamentos irreais entre passado (culpa) e futuro (medo ou ansiedade), em uma desconexão com a realidade que sempre é o que estamos vivendo a cada momento.

Para saber mais: O Trabalho de Gurdjieff – Kathleen Riordan Speeth. Ed. Cultrix

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